28 de setembro de 2008

vê-las rir, vê-las mentir

Take me out tonight.

Where there's music and there's people who are young and alive.

Driving in your car...

...I never never want to go home because I haven't got one anymore.

Take me out tonight.

Because I want to see people and I want to see lights!

(I want to see them laugh, I want to see them lie...)

Driving in your car...

...oh please don't drop me home!

...because it's not my home, it's their home, and I'm welcome no more.

And if a double-decker bus crashes into us...

...to die by your side - such a heavenly way to die!

And if a ten ton truck kills the both of us...

...to die by your side - the pleasure, the privilege is mine...

(The Smiths - there's a light that never goes out)

15 de setembro de 2008

este universo claustrofóbico...

No autocarro, um indivíduo careca lê um livro que ostenta, na primeira página, o título. Não faço porra de ideia do que diz, não consigo ler, mas no vidro, à direita, tudo se inverte no reflexo sobreposto à noite parcamente iluminada. Uma realidade paralela…


...para um outro tempo em que largos cargueiros espaciais cruzam o oceano cósmico, estabelecendo rotas comerciais com entrepostos terrestres e asteróides onde colónias humanas extraem minério e outros recursos… nada de especial, ao fim e ao cabo, o que sempre fizeram, embora em escalas menores… Algures, num qualquer planeta desértico, uma equipa de filmagens roda o último western da era espacial... dizem que é o melhor alguma vez feito, porventura melhor que os clássicos da primeira era pós-fordiana, “The Death of the West”…
Apesar de todo o espalhafato, porém, de todos os planetas explorados pelo universo fora nenhum é habitado por criaturas estranhas, nada daquilo que a ficção profetizava, mas apenas mais humanos.

(...)
Ainda me recordo do Tempo em que, pela “rede inter-consciências”, foi transmitida a aterragem da primeira sonda num planeta semelhante à Terra. Era igual. ...terceiro a contar da Estrela única, cinco continentes, água em abundância, guerras, homens e mulheres e afins… um reflexo daquilo que já tínhamos.

Estes viviam ao contrário, apenas mais uma possibilidade num infinito número de realidades alternativas e conviventes num mesmo universo... mas nada de epecial.
O Universo está infestado de humanos e as realidades alternativas estão algures por aí, sem nenhuma porta, sem nenhum portal ou wormhole de atravessamento instantâneo, mas apenas a uns meros anos-luz de distância, sistemas iguaizinhos aos nossos, com humanos, em todas as direcções do universo conhecido e mais além, todos no mesmo grau civilizacional que nós, alguns mais atrasados, enfim, mas tudo igual... nuns lêem da esquerda para a direita, noutros da direita para a esquerda… há até uns em que andam de trás para a frente mas, como é lógico, estas possibilidades elementares são apenas exemplos medíocres das muito mais bizarras situações que por aí fora se fazem sentir!, contudo… é deprimente não haver realmente aquela diferença que se procurava nas primeiras eras da história conhecida. É frustrante que tudo seja tão semelhante, que nessa distância de anos-luz de viagens inter-estelares até aos limites do conhecido, apenas se encontre... «Casa».

O universo dá-me claustrofobia.

Nesta era amorfa e entediante apenas me resta sentar-me na beira da varanda da nave e olhar para o limite. É já ali ao fundo, não fica assim tão longe...

Mas a realidade é que não há mais nada dali para a frente: acaba ali. Uma parede.
Às vezes ainda lhe toco, talvez apenas para sentir uma qualquer substância que lhe esteja por detrás, mas nada, porque tudo acaba ali.

É este o sabor do infinito.