16 de julho de 2009

outra vez o tempo

O tempo demora imenso a passar mas, depois de ter passado, muitas vezes é como se simplesmente nunca tivesse existido.
É banal falar-se na relatividade temporal, mas então que falar desses tempos longínquos da nossa infância que convivem em lugares especiais, tão especiais como esse tempo da semana passada em que (...) ou antes do pré-"mês-de-março", tão inesquecível em quantidade quanto de esquecível teve o mês seguinte...
São estes "tempos" que vivem na minha memória que considero atemporais, fora do tempo, mas, apesar de toda essa presença pujante, não consigo vivê-los novamente.
E... para quê? ..se lhes guardo saudade será apenas e só pela dor de os ter perdido, mas não quero vivê-los outra vez, gostaria antes que tivessem continuidade. Desgraço-me perante os tempos descontinuados, os projectos inacabados... desenganem-se aqueles que dizem que "um projecto inacabado é uma lição para um projecto que há-de vir", porque a realidade é bem mais crua. A realidade é que não existe qualquer glória nessa "aprendizagem pela dor".
A "aprendizagem pela dor" serve apenas para que aprendamos a DESLIGAR, para que aprendamos a ser INDIFERENTES, e para que aprendamos a "viver a vida", como tantos dizem, quando esse "viver a vida" não é mais do que fazer o que nos der na gana sem pensar nas consequências, viver para o presente, para o nosso próprio umbigo... nomearei isto de "umbigo do presente", ou seja... cotão.
A "saudade sem morte" é a coisa mais estúpida que pode existir porque sem morte a saudade não tem razão para existir. O presente tem esse nome porque cada dia é uma oferta para que se possa acabar os projectos adiados, essas descontinuidades a partir das quais construímos essa "saudade idiota", quando afinal todos os dias nos são dados para que ela não tenha razão de existir!... a INDIFERENÇA, esse "aprender pela dor", esse cotão da existência... tem os dias contados porque em vez de sermos vencidos, insistiremos, até às últimas consequências, até ao único momento em que fará sentido sentir saudade, até à morte.
Convencemo-nos de que aquilo que não nos mata torna-nos mais fortes, quando, afinal, nos deixámos matar por dentro, sim!, ficámos realmente mortos pela indiferença, pelo "isso já não me afecta"! Remexamos nas feridas, abramos as crostas para que rebentamos em sangue e para que doa, para que a dor seja insuportável e não haja mais nada a fazer do que... AGIR! Chega de fugir, chega de "fugir para viver mais um dia", vamos acabar os projectos adiados, aqueles de que outros decidiram fugir por serem fracos, vamos tomá-los por nossos e não ser atraídos pela vaga de cotão mundial!, abramos as feridas, jorremos em sangue, mas fá-lo-emos juntos!

13 de julho de 2009

escrever, escrever...

...o impulso de o fazer, neste instante, é tão somente por uma razão prima, ou mesmo gémea, da acção contrária que, durante meses a fio, foi gravando o silêncio, em tons de brilho digital, que encancere o cérebro, por dentro, como o cansaço tépido de uma noitada embrutecedora em frente a um qualquer ecran.
Mas aqui estou, agora, não como em tempos, mas AGORA, por mais inútil que seja essa vencida afirmação de Presente, aqui estou, por mais inútil que seja a escrita, por mais irrelevante que EU seja... existir para o nada, existir para a Web.
È sem nada para dizer que me convenço desse suposto ideal do "desejo de ser inútil" quando, afinal, antes de ser já o era, e estas "masturbações dedálicas" mais não são que a expressão enfadonha d'um desejo de utilidade.
Quero ser útil. Mas... de uma forma que não me dê muito trabalho.

Acho que é apenas isso que tenho a dizer a uma Internet que já sabe tudo. ...mais um balde de merda (o seu manjar).