No autocarro, um indivíduo careca lê um livro que ostenta, na primeira página, o título. Não faço porra de ideia do que diz, não consigo ler, mas no vidro, à direita, tudo se inverte no reflexo sobreposto à noite parcamente iluminada. Uma realidade paralela…
...para um outro tempo em que largos cargueiros espaciais cruzam o oceano cósmico, estabelecendo rotas comerciais com entrepostos terrestres e asteróides onde colónias humanas extraem minério e outros recursos… nada de especial, ao fim e ao cabo, o que sempre fizeram, embora em escalas menores… Algures, num qualquer planeta desértico, uma equipa de filmagens roda o último western da era espacial... dizem que é o melhor alguma vez feito, porventura melhor que os clássicos da primeira era pós-fordiana, “The Death of the West”…
Apesar de todo o espalhafato, porém, de todos os planetas explorados pelo universo fora nenhum é habitado por criaturas estranhas, nada daquilo que a ficção profetizava, mas apenas mais humanos.
(...)
Ainda me recordo do Tempo em que, pela “rede inter-consciências”, foi transmitida a aterragem da primeira sonda num planeta semelhante à Terra. Era igual. ...terceiro a contar da Estrela única, cinco continentes, água em abundância, guerras, homens e mulheres e afins… um reflexo daquilo que já tínhamos.
Ainda me recordo do Tempo em que, pela “rede inter-consciências”, foi transmitida a aterragem da primeira sonda num planeta semelhante à Terra. Era igual. ...terceiro a contar da Estrela única, cinco continentes, água em abundância, guerras, homens e mulheres e afins… um reflexo daquilo que já tínhamos.
Estes viviam ao contrário, apenas mais uma possibilidade num infinito número de realidades alternativas e conviventes num mesmo universo... mas nada de epecial.
O Universo está infestado de humanos e as realidades alternativas estão algures por aí, sem nenhuma porta, sem nenhum portal ou wormhole de atravessamento instantâneo, mas apenas a uns meros anos-luz de distância, sistemas iguaizinhos aos nossos, com humanos, em todas as direcções do universo conhecido e mais além, todos no mesmo grau civilizacional que nós, alguns mais atrasados, enfim, mas tudo igual... nuns lêem da esquerda para a direita, noutros da direita para a esquerda… há até uns em que andam de trás para a frente mas, como é lógico, estas possibilidades elementares são apenas exemplos medíocres das muito mais bizarras situações que por aí fora se fazem sentir!, contudo… é deprimente não haver realmente aquela diferença que se procurava nas primeiras eras da história conhecida. É frustrante que tudo seja tão semelhante, que nessa distância de anos-luz de viagens inter-estelares até aos limites do conhecido, apenas se encontre... «Casa».
O Universo está infestado de humanos e as realidades alternativas estão algures por aí, sem nenhuma porta, sem nenhum portal ou wormhole de atravessamento instantâneo, mas apenas a uns meros anos-luz de distância, sistemas iguaizinhos aos nossos, com humanos, em todas as direcções do universo conhecido e mais além, todos no mesmo grau civilizacional que nós, alguns mais atrasados, enfim, mas tudo igual... nuns lêem da esquerda para a direita, noutros da direita para a esquerda… há até uns em que andam de trás para a frente mas, como é lógico, estas possibilidades elementares são apenas exemplos medíocres das muito mais bizarras situações que por aí fora se fazem sentir!, contudo… é deprimente não haver realmente aquela diferença que se procurava nas primeiras eras da história conhecida. É frustrante que tudo seja tão semelhante, que nessa distância de anos-luz de viagens inter-estelares até aos limites do conhecido, apenas se encontre... «Casa».
O universo dá-me claustrofobia.
Nesta era amorfa e entediante apenas me resta sentar-me na beira da varanda da nave e olhar para o limite. É já ali ao fundo, não fica assim tão longe...
Nesta era amorfa e entediante apenas me resta sentar-me na beira da varanda da nave e olhar para o limite. É já ali ao fundo, não fica assim tão longe...
Mas a realidade é que não há mais nada dali para a frente: acaba ali. Uma parede.
Às vezes ainda lhe toco, talvez apenas para sentir uma qualquer substância que lhe esteja por detrás, mas nada, porque tudo acaba ali.
Às vezes ainda lhe toco, talvez apenas para sentir uma qualquer substância que lhe esteja por detrás, mas nada, porque tudo acaba ali.
É este o sabor do infinito.
3 comentários:
É o sabor do lazy eight.
Cada um apenas pode falar por si.
Por outro lado o 8 deitado poderá não estar a dormir e, mesmo que esteja, é uma condição que apenas a ele e ao universo diz respeito.
A condição da preguiça é sempre referente a um determinado referencial, mas... então e a falta de referenciais?
O referencial do lazy eight há muito foi escolhido e orienta-se para o infinito, quer morto quer vivo.
porra
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