7 de fevereiro de 2008

aranhinhas

Como eram grandes as aranhas de cujas tenazes eu pendia e era docemente lambido por quelíceras de veludo! Como era agradável ser mirado por uma multidão de olhinhos pretos, pequeninos, inexpressivos, mas doces como os não há... aranhinhas queridas... envolvem-me na sua saliva, e eu estendo os braços para o céu – como é extraordinário ser transportado por quem nos quer tão bem! Ah!, e devoram-me os membros e eu nada sinto, quais lençóis onde me deito eternamente, elas me devoram para sempre... clássico cenário e eu... Prometeu?

Consciência súbita me ressalta do estômago dilacerado! – levanta-te, salta da cama, abre a janela, baixa os estores! Corre de um lado para o outro!... que horas são, que horas são? Que luz é esta que há tanto tempo não via? Azul arrocheado do amanhecer que tantas vezes me fez preâmbulo de uma noite de sono... há tanto tempo que não sonhava... e com que facilidade aquilo que alguns chamam de pesadelo se transforma no mais doce dos sonhos... quando se dorme, na tranquilidade e segurança que os cobertores conferem à atmosfera gelada, todos os sonhos são áureos, leves como o ar, porque nada se sente, nada de substâncias químicas que os tornem reais, que lhes façam sentir dor... ...e vale a pena a dor do sofrimento constante se, ao chegar o momento glorioso do dormir, se viaje para tais paisagens...? - a mim mais um magnífico dia de maravilhoso sofrer!

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