4 de fevereiro de 2008

desejo de infinito

É tarde mas aqui estou; para além do cansaço, arrastando-me pelas divisões, contraindo-me no cácere do habitar, nesse covil a que chamo lar; talvez... com a única pretensão de me expandir mais um pouco, antes da anestesia, desse quase-morte que o leito domina.
Como é maravilhosa a realidade já sem luz, limbo negro entre dias de eterno presente! Sinto como se apenas o fosse aí, num fora-de-tempo para onde, deliberadamente, me deixo levar, sacrificando-me a essa agonia do já não saber quem sou. Como me aterrorizo perante o desconhecido que a mim me apresento..., tantas possibilidades, tanta necessidade de acção abusiva, tanta inércia que tudo aglutina... como me “alimento da desgraça alheia”, como são belos os cadáveres espalhados pelas ruas de Bagdad!, ...e como seria belo trucidar o ser obsceno rodeado de números, e de cores, e de sons polifónicos!, como seria sublime o seu guinchar!
Mas o magnetismo televisivo consome-me... e eu, contínuo a vê-la, e a odiá-la, e até não me conhecer - apenas esse instinto assassino, essa adrenalina da distância segura e o desejo "id’ónico" de querer interferir nos acontecimentos com um fútil toque no botão. Desligo-a.
...este silêncio ensurdecedor é mais terrífico que qualquer imagem que tenha visto. Sou medo, sou pânico, agora já sei quem sou.

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1 comentário:

Anónimo disse...

"...intro and outro sound by Lustmord."