Chove. Gosto de ficar aqui, em frente à janela, olhando através de manchas translúcidas, vendo a água deformar o “lá fora”..., porque é la fora que chove e eu estou seco. ...há muito que a água aos meus olhos é forçada, com música, com palavras, forço-me para que corram, mas estou seco e é lá fora que chove.
É tão belo. O céu, de um cor-de-rosa arrocheado, mas escuro, e ao mesmo tempo branco, contudo... como ironia de alguém que lhe retirou contraste - é vazio, e os prédios cheios, e amarelos pela luz dos candeeiros, saltam para a frente, invadem-me o campo de visão e esse manto vítreo lá atrás, vertendo-se por sobre a minha janela em vazio feito líquido.
Parou. Vou abri-la para o deixar entrar... gotículas quebram-se no parapeito, borbulhando até se desfazerem, contrariando Lavoisier elas desaparecem da mesma forma que surgiram, desse manto vazio que envolve a noite, fronteira espacial... haverá noite cósmica no fim dos tempos? Tão estranho é que duas coisas com o mesmo nome possam ser tão distintas, porque esta noite terrena é o dia do universo na terra e o dia terreno um manto de escuridão perante a grandeza universal! Quantos microcosmos em cada gota de chuva?... quanta matéria e dimensões por sondar em cada restício de realidade espaço-temporal!
É-me impossível contá-las a todas... começo por um canto, uma, duas... são muitas, são inúmeras, infinitas gotas de chuva no vidro da janela!, será que ainda lá estarão de manhã?, ou terão de voltar para de onde vieram, para esse ente imaterial que no ocorrer da manhã azul será?
Talvez seja a estrela solar que o torna azul; lembro-me de a olhar também – era branca e dançava dentro de um coroa amarelada, mas essa coroa não a via tão bem – fugidia, traquinas – a bola branca dançava no interior e ia mudando de cor, ora azulada, de um azul “neónico”, ora cor-de-rosa fluorescente! “Não olhes para lá que te queima os olhos”... e assim ficava eu, outra vez no meio da relvinha, apanhando pinhões, esmagando-os com pedras da calçada, comendo-os, oferecendo-os, trocando-os por olhadelas em pipis, cromos e mais pinhões. E eu que nem gostava de pinhões, logo ali era introduzido no sistema capital... tão cedo as crianças querem cegar, qual Fausto, não por graça do demónio, mas por livre vontade, querem cegar para poderem ver!
É tão belo. O céu, de um cor-de-rosa arrocheado, mas escuro, e ao mesmo tempo branco, contudo... como ironia de alguém que lhe retirou contraste - é vazio, e os prédios cheios, e amarelos pela luz dos candeeiros, saltam para a frente, invadem-me o campo de visão e esse manto vítreo lá atrás, vertendo-se por sobre a minha janela em vazio feito líquido.
Parou. Vou abri-la para o deixar entrar... gotículas quebram-se no parapeito, borbulhando até se desfazerem, contrariando Lavoisier elas desaparecem da mesma forma que surgiram, desse manto vazio que envolve a noite, fronteira espacial... haverá noite cósmica no fim dos tempos? Tão estranho é que duas coisas com o mesmo nome possam ser tão distintas, porque esta noite terrena é o dia do universo na terra e o dia terreno um manto de escuridão perante a grandeza universal! Quantos microcosmos em cada gota de chuva?... quanta matéria e dimensões por sondar em cada restício de realidade espaço-temporal!
É-me impossível contá-las a todas... começo por um canto, uma, duas... são muitas, são inúmeras, infinitas gotas de chuva no vidro da janela!, será que ainda lá estarão de manhã?, ou terão de voltar para de onde vieram, para esse ente imaterial que no ocorrer da manhã azul será?
Talvez seja a estrela solar que o torna azul; lembro-me de a olhar também – era branca e dançava dentro de um coroa amarelada, mas essa coroa não a via tão bem – fugidia, traquinas – a bola branca dançava no interior e ia mudando de cor, ora azulada, de um azul “neónico”, ora cor-de-rosa fluorescente! “Não olhes para lá que te queima os olhos”... e assim ficava eu, outra vez no meio da relvinha, apanhando pinhões, esmagando-os com pedras da calçada, comendo-os, oferecendo-os, trocando-os por olhadelas em pipis, cromos e mais pinhões. E eu que nem gostava de pinhões, logo ali era introduzido no sistema capital... tão cedo as crianças querem cegar, qual Fausto, não por graça do demónio, mas por livre vontade, querem cegar para poderem ver!
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...hmm, boa noite.
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