12 de novembro de 2007

27

Esta é a hora em que me é proporcionado o momento para sentir algo que se estabeleça não enquanto premissa, mas antes como abertura que tenda a essa colectiva alienação generalizada.

Também procuro a sensualidade, platónica, que não me suje as mãos, porque simplesmente não quero que o toque me lembre da existência do corpo, procuro antes essa sensualidade que a noite faz aos olhos e ao espírito; esse lento desenrolar onde já não estou aqui mas "em Ti", e a Tua pessoa em todas as mulheres do mundo, mãe, filha, Mulher. Quem és Tu que encarnas em todas essas para Nos fazer acreditar que há sentido?

Porque não há sentido.

Há apenas sono, morno, a cama que chama, reminiscências intra-uterinas, ...e sons. Gostaria de perder o controlo desse Eu, num outro, que nunca dorme e, contudo, vive em sonho. Em sonho a Tua língua é a linguagem do mundo e... eu percebo-Te. Em sonhos corro "aos abismos dos oceanos, aos cruzamentos das cidades em que todas as ruas fluem para Ti", em sonhos percebo-Te, Mundo, mas é tudo tão rápido, imagens, sensações, absurdos... queria dormir para sempre, em vida, em morte, para sempre nesse meio onde as realidades se cruzam e nada é Aqui e Agora. (...) estou farto de estar aqui e agora, quero estar fora do tempo, habitar o anti-espaço mas, Ser?

No corpo que habito as possibilidades do Ser são limitadas a esse espaço-tempo uni-direccional em que "o que foi não volta a ser", em que a inacção é justificada pelo carácter DETERMINANTE das minhas acções; em que a infelicidade é apenas a condição de quem tem dificuldade em escolher perante o TUDO...

Mas ainda posso mover-me mediante parcas variantes motricionais em conjunto com a massa dos outros egos, mas ao som da mesma música, todos no mesmo ritmo (?), todos fora da realidade, todos alienados a violentarem o chão ou a espumar de encontro a uma parede, todos em fricção e em desordem, em ritmos multiplos, em caos.

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