...mas olha lá uma coisa pá, masturbar em excesso "faz mal"?, é irresponsável? Tens de definir "masturbação ponderada", ora bem, vamos lá a ver, o nível de esperma está a ficar inflaccionado, sendo assim tenho de proceder ao acto masturbatório, são, portanto, 23:38, deixa cá anotar no bloquinho e tal... muito bem, vamos lá a isto.
Acho mal terem uma sister a segurar um branco de picha mole. Primeiro porque é racismo. Segundo porque exageram no tamanho do caralho. Terceiro porque a sister não se está a divertir com a coisa. Se foder, não beba! Se beber, não foda! Isto é, que se foda a bebida! Dá-me só a sister.
A rapariga da mini-saia, sister como lhe chamas, faz parte de um dos cartazes da campanha da Tagus. Simples e descomprometidamente, limitei-me a utilizar figuras que estão presentes na mesma, para continuar com a rúbrica Cockbreaking, iniciada no passado mês de Outubro. Se é branco de picha mole, não sei, tu é que o apelidas como tal.Por acaso, vejo-o mais como uma personagem que encarna uma das características mais vincadas da portugalidade, isto é, a chico-esperteza. No entanto, se atentares aos dois capítulos desta rúbrica, irás perceber que se trata única e exclusivamente de uma sátira - o tamanho do falo surge precisamente no seguimento desse exercício - sem quaisquer motivos raciais a fundamentá-la. Por isso mesmo, não percebo porque apelidas o post de racista. Seria curioso se a côr de pele dos intervenientes fosse inversa. Seria igualmente racismo? E se fossem ambos da mesma côr? Tratar-se-ia de uma sátira "apartheidiana"? Permite-me ainda discordar relativamente à relação biunívoca que estabeleces entre a foda e a bebida. Julgo que, a sós ou em harmoniosa convivência, deve haver espaço para ambas.
Meus Deus (será que posso mencionar Deus? Ainda me apelidam de fundamentalista cristão..), para onde foi o sarcasmo e o humor negro (pronto, lá está, negro, racista...). De qualquer maneira, dá-me a sister.
Qual não é o meu espanto depois de ter estado 2 dias por casa adoentado após uma pequena viagem,entro no metro e deparo-me com vários mupis da cerveja Tagus. Após os comentários de ontem, Nada de grave, é só um buzz, passa depressa, como o vento. Mas o movimento gay perde assim uma fantástica oportunidade para estar magnanimamente calado, colhendo os frutos mais tarde. Eu explico, e na verdade é tudo muito simples. Aliás, é tudo muitíssimo complicado, mas na era dos buzz e dos soundbites, é forçosamente simplificado.
Sim, quem já trabalhou e participou no Orgulho Gay e nas suas reivindicações tem motivos para se sentir ofendido com esta campanha. Todo o trabalho, suor, privações e provações para o construir são subitamente caricaturados para vender cerveja. Quem perdeu já horas de vida a explicar que o Orgulho Gay não é o "Orgulho em se ser gay", mas o orgulho em ser capaz de dar a cara, de vencer os obstáculos, de lutar contra a homofobia, que o Orgulho Gay pode ser o orgulho de qualquer hetero que se junte à luta, fica necessariamente furibundo ao ver surgir uma "causa hetero" promovida pela cerveja, que se resume a um site de engates hetero, igual a milhões de outros sites, embora este claramente mais sujeito a ser dominado por rapazes virgens.
É claro que gritar "sou hetero" numa sociedade onde a heterossexualidade é a hegemonia, é chover no molhado. É que "somos todos hetero" até prova em contrário. A Sagres e a Super Bock nunca usaram a palavra "hetero" na sua publicidade porque não precisaram, porque está lá, sem ser preciso estar. Tal como os reality shows de engate, cenas de um casamento, etc, nunca a usaram. Toda a gente pressupõem que seja para heteros, sendo que muita dessa gente desconhece ainda a palavra.
O "hetero" só passa a fazer sentido a partir do momento em que o "gay" começa a fazer-se notar. Nesse sentido este "Orgulho Hetero" é até um sinal positivo, mostra que há uma brecha na hegemonia. Que o gay já se faz notar ao ponto de haver marcas de cerveja que acham que pôr um bando de rapazes a mandar piropos à empregada do bar já não chega para marcarem a sua heterossexualidade.
Continuação Anónimo (2)... O incitamento ao orgulho hetero caminha lado a lado com a linguagem do ódio e esconde o que, desde há milénios, significa a opressão ou a pura eliminação de todos os que ousaram tornar públicas as suas opções sexuais. Não há ditadura ou regime autoritário que conviva bem com a diversidade de escolhas sexuais e a libertação da libido. A génese da autocracia reside na ideia de uma essência ou pureza original. A higienização é o caminho seguido para repor a «ordem natural das coisas». A tentação de «limpar» as «impurezas» está tão presente nas interacções do quotidiano (o olhar que se baixa, o canino rosnar do insulto a meia-voz, o impropério das «bocas» que reforçam a honra colectiva dos dominantes, as observações canalhas do eufemismo cínico da suposta boa-educação) como nas campanhas sistemáticas e sangrentas de eliminação física de quem quebra a pressuposta hegemonia. O diverso introduz a desordem, quebra as fronteiras estabelecidas, baralha as dicotomias, reformula as regras do jogo. A cristalização institucional dá-se mal com a «loucura na casa». A utopia só poderá ser heterotopia, no sentido que Foucault lhe confere - coexistência e interacção de mundos outrora incompatíveis.
Mas é irreversível o caminho para o arco-íris. A monoculturalidade tem os dias contados. Todavia, serão muitos e árduos os obstáculos. Hão-de reinventar-se sentidos de sinal único e direitos de admissão reservada. Há-de persistir o medo de se olhar ao espelho. Não faltará doméstica porrada para quem desobedecer. Chegou, no entanto, a altura de desobedecer. De jamais voltar a calar. De contestar. De inverter o que querem linear, sagrado e irreversível. A cerveja Tagus tornou-se um signo do poder homofóbico. Quem a beber é cúmplice.
7 comentários:
Impecável pá, impecável!
...mas olha lá uma coisa pá, masturbar em excesso "faz mal"?, é irresponsável? Tens de definir "masturbação ponderada", ora bem, vamos lá a ver, o nível de esperma está a ficar inflaccionado, sendo assim tenho de proceder ao acto masturbatório, são, portanto, 23:38, deixa cá anotar no bloquinho e tal... muito bem, vamos lá a isto.
Acho mal terem uma sister a segurar um branco de picha mole. Primeiro porque é racismo. Segundo porque exageram no tamanho do caralho. Terceiro porque a sister não se está a divertir com a coisa. Se foder, não beba! Se beber, não foda! Isto é, que se foda a bebida! Dá-me só a sister.
A rapariga da mini-saia, sister como lhe chamas, faz parte de um dos cartazes da campanha da Tagus. Simples e descomprometidamente, limitei-me a utilizar figuras que estão presentes na mesma, para continuar com a rúbrica Cockbreaking, iniciada no passado mês de Outubro.
Se é branco de picha mole, não sei, tu é que o apelidas como tal.Por acaso, vejo-o mais como uma personagem que encarna uma das características mais vincadas da portugalidade, isto é, a chico-esperteza. No entanto, se atentares aos dois capítulos desta rúbrica, irás perceber que se trata única e exclusivamente de uma sátira - o tamanho do falo surge precisamente no seguimento desse exercício - sem quaisquer motivos raciais a fundamentá-la. Por isso mesmo, não percebo porque apelidas o post de racista.
Seria curioso se a côr de pele dos intervenientes fosse inversa. Seria igualmente racismo? E se fossem ambos da mesma côr? Tratar-se-ia de uma sátira "apartheidiana"?
Permite-me ainda discordar relativamente à relação biunívoca que estabeleces entre a foda e a bebida. Julgo que, a sós ou em harmoniosa convivência, deve haver espaço para ambas.
Meus Deus (será que posso mencionar Deus? Ainda me apelidam de fundamentalista cristão..), para onde foi o sarcasmo e o humor negro (pronto, lá está, negro, racista...). De qualquer maneira, dá-me a sister.
Qual não é o meu espanto depois de ter estado 2 dias por casa adoentado após uma pequena viagem,entro no metro e deparo-me com vários mupis da cerveja Tagus. Após os comentários de ontem, Nada de grave, é só um buzz, passa depressa, como o vento. Mas o movimento gay perde assim uma fantástica oportunidade para estar magnanimamente calado, colhendo os frutos mais tarde. Eu explico, e na verdade é tudo muito simples. Aliás, é tudo muitíssimo complicado, mas na era dos buzz e dos soundbites, é forçosamente simplificado.
Sim, quem já trabalhou e participou no Orgulho Gay e nas suas reivindicações tem motivos para se sentir ofendido com esta campanha. Todo o trabalho, suor, privações e provações para o construir são subitamente caricaturados para vender cerveja. Quem perdeu já horas de vida a explicar que o Orgulho Gay não é o "Orgulho em se ser gay", mas o orgulho em ser capaz de dar a cara, de vencer os obstáculos, de lutar contra a homofobia, que o Orgulho Gay pode ser o orgulho de qualquer hetero que se junte à luta, fica necessariamente furibundo ao ver surgir uma "causa hetero" promovida pela cerveja, que se resume a um site de engates hetero, igual a milhões de outros sites, embora este claramente mais sujeito a ser dominado por rapazes virgens.
É claro que gritar "sou hetero" numa sociedade onde a heterossexualidade é a hegemonia, é chover no molhado. É que "somos todos hetero" até prova em contrário. A Sagres e a Super Bock nunca usaram a palavra "hetero" na sua publicidade porque não precisaram, porque está lá, sem ser preciso estar. Tal como os reality shows de engate, cenas de um casamento, etc, nunca a usaram. Toda a gente pressupõem que seja para heteros, sendo que muita dessa gente desconhece ainda a palavra.
O "hetero" só passa a fazer sentido a partir do momento em que o "gay" começa a fazer-se notar. Nesse sentido este "Orgulho Hetero" é até um sinal positivo, mostra que há uma brecha na hegemonia. Que o gay já se faz notar ao ponto de haver marcas de cerveja que acham que pôr um bando de rapazes a mandar piropos à empregada do bar já não chega para marcarem a sua heterossexualidade.
Continuação Anónimo (2)...
O incitamento ao orgulho hetero caminha lado a lado com a linguagem do ódio e esconde o que, desde há milénios, significa a opressão ou a pura eliminação de todos os que ousaram tornar públicas as suas opções sexuais.
Não há ditadura ou regime autoritário que conviva bem com a diversidade de escolhas sexuais e a libertação da libido. A génese da autocracia reside na ideia de uma essência ou pureza original. A higienização é o caminho seguido para repor a «ordem natural das coisas». A tentação de «limpar» as «impurezas» está tão presente nas interacções do quotidiano (o olhar que se baixa, o canino rosnar do insulto a meia-voz, o impropério das «bocas» que reforçam a honra colectiva dos dominantes, as observações canalhas do eufemismo cínico da suposta boa-educação) como nas campanhas sistemáticas e sangrentas de eliminação física de quem quebra a pressuposta hegemonia. O diverso introduz a desordem, quebra as fronteiras estabelecidas, baralha as dicotomias, reformula as regras do jogo. A cristalização institucional dá-se mal com a «loucura na casa». A utopia só poderá ser heterotopia, no sentido que Foucault lhe confere - coexistência e interacção de mundos outrora incompatíveis.
Mas é irreversível o caminho para o arco-íris. A monoculturalidade tem os dias contados. Todavia, serão muitos e árduos os obstáculos. Hão-de reinventar-se sentidos de sinal único e direitos de admissão reservada. Há-de persistir o medo de se olhar ao espelho. Não faltará doméstica porrada para quem desobedecer. Chegou, no entanto, a altura de desobedecer. De jamais voltar a calar. De contestar. De inverter o que querem linear, sagrado e irreversível. A cerveja Tagus tornou-se um signo do poder homofóbico. Quem a beber é cúmplice.
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