31 de dezembro de 2007
28 de dezembro de 2007
já não sei quem era...
Hoje nem a luz de Lisboa me anima.
Perdi-me, olho-me ao espelho e não me reconheço, não sei quem sou...
Uns diriam que estou deprimido, não acredito, sinto-me perdido dentro do meu córtex central, confuso não me encontro, não me revejo. Não sei para onde vou, nem me lembro quem era.
Não estou deprimido, estou revoltado, irritado, perdi-me de mim mesmo.... Ou demiti-me, sem me despedir, para esquecer propositadamente aquilo que achava que era!?
Fui injustiçado, abandonei-me. Agora estou realmente sozinho!
27 de dezembro de 2007
24 de dezembro de 2007
1492(000...)
Foi isso que me sucedeu no ano passado, tendo escapado por uns poucos dias a este “clima”, o chamado “espírito natalício”, a “febre consumista” ou ainda, e talvez mais apropriado, “stress natalício”. Todos os anos sofro de stress natalício e todos os anos cometo os mesmos erros idiotas, como o deixar tudo para a última hora. Mas o que é tudo? É mesmo tudo. Toda a parvoíce que este sistema de consumo nos convida a vestir. Então espero, aguardo, não quero ir já, mas “tem de ser” porque me quero poupar a determinados “stresses” e então lá vou. Poderão vocês dizer um - “vais porque queres e és parvo” – mas eu respondo-vos: vou porque o meu limite de “falcatruas familiares” já foi expirado há muito, e se há aqui uma bela hipótese de, pelo menos através de um acto consciente, amenizar e “passar uma borrachinha” em todos os outros (inconscientes e não-ponderados), eu decido, pela minha saúde, a fazê-lo (não vá o diabo tecê-las).
Ou seja: se passo a vida a fazer merda, tento não a fazer quando me é inteiramente possível - “Mas então porque é que fazes merda? – não faças merda e depois excusas de atender a esses vícios do consumo” – como já disse, a merda é fruto biológico do “estar-vivo”, e eu enquanto ser “vivo” não o consigo ser sem a produzir – sou um ser merdificante, ou antes, um ser merda-edificante, porque a produzo de forma metódica.
Sempre me questionei porque diabo é que esse centro comercial se chama “Colombo”, é que “Vasco da Gama” sempre foi um português CONHECIDO e aceite de forma convencional, apesar de ter sido um filho-da-puta açambarcador de louros de outrém (diga-se Bartolomeu Dias), mas não obstante era um português ao contrário do Colombo nos tempos idos da edificação deste belo centro comercial (o codex, o codex...).
Colombo?
Fosgaaa-se... já estou cansado e ainda nem disse nada. (...) cansa-me o “colombo”, odeio “aquela merda”, entro a correr e saio disparado, pelo caminho bato em pessoas (mas sem querer atenção! – embora na realidade talvez haja um qualquer subconsciente activo no processo), e faço razias, porventura a única coisa que me diverte em ir ao “colombo” nas vésperas do natal – fintar as pessoas, do género desviar-me de alguém tipo "Indiana Jones a escapar das lanças dos índios", zum, zum, e foda-sse que bati na fulana, mas como vou a andar tão rápido ela nem tem tempo de dizer nada (que os anos lhe sejam – à tipa – generosos e justos no sentido de me proporcionar “ondas de remorso” suficientes para alimentar as minhas futuras, e há muito profetizadas, idas ao Psiquiatra).
Fora estas fúteis observações deixo-vos, caros arquitectos consagrados pela universidade (ao menos eu tenho o orgulho de lá ser “persona non grata” hehehe), uma proposta de me explicarem (já que me foi atestada incapacidade profissional ao longo dos anos pelos doutos na matéria), porque razão o “Colombo” me dá dores de cabeça agudas de cada vez que lá vou, provocando-me sensações de desmaio súbito, ecos arrastados no interior dos ouvidos e tonturas?
Gostaria que me ajudassem porque receio vir a tornar-me mais um elemento para a estatísica dos "psico-american-mall-freaks", ou antes, dos “psicopatas dos centro-comerciais”.
Obrigado e um SANTO Natal na companhia do menino-jesus.
23 de dezembro de 2007
20 de dezembro de 2007
18 de dezembro de 2007
Psilocybe Cubensis
...nem Lewis Carroll, nem Walt Disney, para os infelizes da década de 80, este, foi decisivo na iniciática descida ao "submundo da droga" de toda uma nova geração de dróghados - nós.
Cogumelos mágicos que, quando ingeridos, nos possibilitam ver o mundo de perspectivas completamente diferentes; coelhos brancos atrasados para o emprego que insistimos em seguir através dos recantos mais sombrios - tocas? - e um número ilimitado de personagens em situações absurdas (tudo coisas que nunca vimos na vida real...)
Ps1: Fora a genialidade - drógadice? - do Lewis Carroll, a verdade é que isto - alice im wunderland! - era mesmo mauzinho... Mas agora tentem ver o mesmo vídeo bêbedos, o álcool é socialmente aceite..., eu experimentei e juro que - quase - consegui perceber a letra da cantiga que, vos juro, é impecável!
Ps2: Poderemos, ou poderão os arquitectozinhos superstar, dizer o quanto o Zumthor (por exemplo) nos "influenciou" (como esta palavra me enerva... principalmente quando sou eu a usá-la), mas a realidade é que há coisas com uma força muito maior no nosso inconsciente, e essas coisas pertencem à idade da infância. Bem nos disseram para não ver tanta televisão... também me lembro do cheiro da cozinha da avó (senhor Zumthor) mas quando chegavam as 17 horas da tarde eu queria era ver o Brinca Brincando. Temos pena.
16 de dezembro de 2007
O coelhinho está a morrer!
14 de dezembro de 2007
rosado manjerico
Onze da noite, A vida é bela... e o restaurante também, os jarros de vinho, os espinafres e os molhos... e essa luz amarela no contraste do negro, como pinceladas toscas.
- “Vocês sabem quem eu sou?” – uma voz pujante mas arrastada pelo bagaço – “o meu nome é Rosado Manjerico! Eu sou um alentejano!” – fez-se o click, estalou a conversa e (Os) alentejanos prosseguiram noite fora; as raparigas riam, lúcidas, e os “anarcas” escutavam – “Tu és um anarca!” – disse Rosado Manjerico. Ainda lhe respondi que “o meu avô também era alentejano, de Avis”, e enfim, foi ver a verborreia desgarrada de nomes de terras, calão alentejano, “gaiatices” e muengas. Muenga é merda, a propósito. E Rosado Manjerico emitia uma Muenga arrastada pelo bagaço, uma “muêenghaa”, um olhar aquoso, um sorriso de reconciliação com o mundo, e este meu nosso feedback, atónito. Ri-me, revirei os olhos, bebi mais um copo e olhava para o lado – elas choravam, a rir, também, mãos na cara, gargalhadas inconsistentes e pluricórdicas construíam este ambiente surrealista que a Baco devemos. Mas Rosado Manjerico bebia cerveja, não consegui descobrir como, através de uma qualquer técnica ancestral ele bebia-a sem nunca a levar à boca. Sabedoria.
E a sabedoria cresceu noite fora, em conjunto com o aparvalhamento dos seus interlocutores que se deixavam arrastar, de bar em bar, por esta figura carismática que falava numa língua desconhecida, cambaleava e dançava, e nós atrás. Instantaneamente já havia mulheres a dançar, espetando o rabo no ar, esfregando-o em varões metálicos e despindo-se. "Foda-se, mas onde raios nós estamos?" – “Eu já aqui trouxe a minha mulher!” – e estas “mulheres” sentavam-se nas mesas, vestiam roupas fluorescentes e brilhavam no escuro. Eram brutas, nojentas, e os homens olhavam e espumavam da boca.
Afinal é isto um bar de putas...
“Desenha a miúda!” – disse-me Rosado Manjerico – “faz aí um traço!” – e eu fiz. Não consegui perceber quem era essa mulher(?), híbrida, a minha imagem platónica de uma mulher... e quão contrastante era com aquelas personagens circenses!...
“A voz do traço!, nunca se esqueçam!, a voz do traço!” – Rosado Manjerico esfumou-se na noite, o táxi partiu, e adormecemos em qualquer lugar.
Sabes que sim
A culpa perseguiu-o durante algum tempo.
O mal estava feito e pouco havia a fazer.
Ela recuperou, mas com algumas limitações.
Porém, a música nunca parou.
13 de dezembro de 2007
Exercício entre a linguística e o sentimento do “ti”, do “mim” mas principalmente de nós....
Entre os maus dias e os outros que passam, suportamo-las às costas, à espera que o mundo acabe com elas, implodindo dentro de ti, para me fazer esquecer, esmorecer-te, aniquilar-te dentro mim...
Agora que eu estou assim aqui a pensar em ti, percebi!
Não és real, eu e que te faço assim, só existes dentro de mim.....
Importante, indiferente ausente! Digo que me afectas que me consomes, numa emoção falsa, finjo que ainda gosto de ti.
11 de dezembro de 2007
10 de dezembro de 2007
paranoid park
9 de dezembro de 2007
"relatório da tese"
8 de dezembro de 2007
Malhas - cold wind to valhalla, jethro tull
Os Jethro Tull foram algo deste género: o Ian Anderson aos comandos de uma Locomotiva, a alta velocidade, levando nas carruagens meia dúzia de dançarinos dos Riverdance, porcos, um jacaré e um bando de pigmeus, para além da já habitual hortaliça, atropelando de rajada o Bob Dylan e o Jonhy Cash ao mesmo tempo.... vruuuuusshhhh!!! - era ver violas e roupagens negras de cowboy a ser esmagadas pelos campónios ingleses em potência, com os poderes ancestrais dos celtas!(metáfora da evolução do folk)
E o Ian Anderson a saltar ao pé coxinho freneticamente, com um canto da boca canta, com o outro toca flauta de forma completamente tresloucada, e, eloquentemente, inflamado, grita imprópérios aos ricos e poderosos, abaixo os senhores industriais!
Para descoberta obrigatória este "Minstrell in the Gallery" e, principalmente, "Aqualung", álbum basilar do rock progressivo e um dos primeiros álbuns conceptuais da história da música popular anglo-saxónica, do princípio ao fim desenvolvido sobre a antagonia "deus/religião", através da personagem do mendigo, encarnado por Ian Anderson, Aqualung. Se não "tiverem medo" nem tenham sentido um arrepio perante a aparente "foleirice" que esta música vos pode parecer, descubram "Locomotive Breath", "Minstrell in the Gallery", "My God", "The Witch's Promisse" ou um "Songs for Jeffrey"...
(os Jethro Tull foram bastante influentes para grande parte das primeiras bandas de rock pós-25-de-abril em portugal, como é o caso dos tardios "Trovante", cujo "famoso" "Menina das 7 saias", ou raio que o valha, é um autêntico PLÁGIO do "The Whistler" - tirem conclusões; mas cuidado, os Jethro Tull também foram conhecidos por influenciar esse estilo duvidoso que dá pelo nome de "Power Metal", ou "metal progressivo foleiro", de bandas como os Rhapsody e afins... se não acreditam escutem o "Broadsword and the Beast", e não, este álbum não é dos Iron Maiden...)
7 de dezembro de 2007
À entrada do inferno!
Não sei se abra ou se fique por aqui. Agora que aqui estou sinto-me inquieto, nervoso, confuso, apetece-me roer as unhas, mas metem-me nojo, sinto a pele de galinha a invadir-me o corpo e no momento digo: - chega, já cheguei até aqui, agora vou entrar! A minha mão aproxima-se da maçaneta o meu coração bate a 260 por segundo, fecho os olhos respiro fundo e abro a porta. Num misto de ansiedade e receio, sinto por fim e pela primeira vez, o conforto calmo e quente do inferno, passivo autómato e principalmente adulto.....
6 de dezembro de 2007
3 de dezembro de 2007
1 de dezembro de 2007
purple rabbit
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...há dias com uma estranha capacidade de se metamorfosear, como se num momento estivesses numa paragem de autocarro, numa biblioteca a estudar, e noutro tudo explodisse e se recombinasse numa combinação absolutamente improvável!, depois deitas-te, vais dormir, recombinas todas essas imagens em sonhos, viajas ininterruptamente pela noite, para no fim acordares, em calmaria, para um contrastante "dia de nevoeiro".
Hoje acordei para uma manhã enublada. As cores brilham do exterior da janela através de uma matriz baça, cinzento, azul, branco sujo e matizes amareladas, brilho fosco... para onde foi a noite circense? O vermelho, o laranja, o roxo dessa camisola? ...foi ontem, mas será que tudo aconteceu realmente?, ou foi apenas mais um desses sonhos em que não tenho mão, como uma Alice num país de maravilhas tresloucadas a dançarem à sua volta, mas esta sem lhes poder tocar, em momentos sobrepôe-se aos acontecimentos, cresce desmesuradamente, noutros diminui ao tamanho de um insecto, sendo dominada por toda a magnitude do ambiente... mas em todos esses momentos a Alice esteve fora, expectante, espectadora, personagem principal de um filme lynchiano, personagem secundária da vida real.
Segui a estrada com uma leve ideia de onde me haveria de levar, segui-a descomprometidamente, perdendo-me deliberadamente e então apareceste, uma coelha vestida de roxo, dançante e coxa... e a música era de outro mundo, um mundo onde ainda se vibra ao som de "saturday night", de um "é o bicho é o bicho"... "onde estou eu", pensei, o que está a acontecer?.., estarei a perder controlo sobre esta realidade? E sangria, vinho e cerveja, sangria entornada, coelha roxa tresloucada, e eu...
...e eu a desejar esta coelha vestida de roxo que me quer matar...
...mas acordei para uma manhã enublada, as cores brilham em matizes de branco, o vermelho circense já se foi... estou sóbrio, and the purple rabbit was gone.
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