12 de novembro de 2007

"nós na nossa vidinha miserável!"


o facto de ontem ter visto o filme "control", de anton gorbijn, sobre a vida do ian curtis e dos joy divison, hoje pergunto-me o que andamos aqui a fazer?''

aos 23 anos , este "personagem" suicidou-se com 3 discos editados e uma filha de um ano, consequentemente pergunto-me será que ja não tinha mais nada para dizer ao mundo ou por e simplesmente não aguentou o facto de dar sempre tudo????

e nós o que damos, como damos, será que é suficiente?


7 comentários:

aa disse...

O Sid Vicious morreu por overdose aos 21 anos, o Mozart deu o primeiro concerto aos 4... e muitos ícones morreram no auge da sua carreira aos 27 anos, Janis Joplin, Jimmi Hendrix, Jim Morrison, Kurt Cobain... portanto nós que temos 25, temos exactamente 2 anos para provar o que valemos(!) De qualquer das formas não quero viver depois dos 27 com a frustração do que "poderia ter sido"(?)
Se pegares na Janis Joplin, por exemplo, se vires uma actuação dela vês algo que nunca mais se irá repetir na música-pop, pelo menos enquanto estiver nos moldes em que o sacana do Warholl a definiu (à cultura-pop), ou seja, a Janis era incrivelmente pura e terrivelmente feia. Hoje em dia a única coisa que funciona neste mundo da música-pop é a beleza aparente, a ditadura do físico aliada à ditadura das "vozes bonitas"; com isso morreu o sentimento, o soul, o groove... vi ver a "operação triunfo" e ali tens o futuro da cultura pop - malta decalcada de estereótipos batidíssimos, personagens vazias de conteúdo mas, contudo, aparentemente incólumes, belas por fora e belas nesse "pseudo-interior" que é a "voz bonita". O Dylan tinha bela voz?, era "belo"? E o Joey Ramone?
Quanto ao Ian Curtis, acho que os filmes tendem sempre a criar uma imagem "martirizada" dos seus heróis; na realidade penso que ele não tinha mais nada para dar e o que deu fez sentido naquele momento (Love will tear us apart é a prova de que aquilo não iria prometer nada de bom para o futuro; os New OPrder foram apenas um nojo daí decorrente). Será que o Kurt Cobain se suicidou ou foi assassinado para fazer render uma indústria que lucraria muito mais com a morte PREMATURA, nessa fatídica idade dos 27, de uma estrela que desejava desaparecer dos olhares do público? A cultura americana e anglo-saxónica, vazia de heróis, necessita de projectar em todas as épocas os seus "Jesus-Cristos", é disso que vive, de James Deans, de Marylins... preparem-se, desde o "suicídio" do Kurt que não existiram mais mártires, pelo que agora estamos naquela velha encruzilhada da indústria em que as bandas do underground podem subir e rebentar para fora; na qual a pessoa bonita será escolhida para liderar essa "nova geração", tal como no passado. Depois, basta apenas matá-la, afundando-a em dinheiro, em excessos, ou simplesmente com uma bala nos cornos como fizeram ao Lennon. Se quiserem mais, encenem o seu suicídio e pronto, aí terão um novo deus.
PS: a propósito, a Britney Spears acabou de gravar um novo "album", misteriosa e prepositadamente lgo a seguir a uns aninhos de excesso e decadência (a indústrioa não a conseguiu "suicidar"...)

aa disse...

...quanto à "nossa vidinha miserável", penso que seja tão miserável quanto a de todos os Ian Curtis(es) que não tiveram a sorte de estar no momento certo à hora certa, ou que simplesmente não têm capacidades. Mas de uma coisa tenho a certeza, a vida de alguém (doente) que se consegue suicidar é, sem dúvida, muito PIOR do que a minha.
Se não damos o suficiente... o que importa é dar algo e que esse algo seja fruto do nosso melhor, é apenas isso que me esforço por fazer, aparte das instabilidades do meio, da porta do quarto sempre a abrir, do ambiente familiar adverso a qualquer abertura... gostaria de me abrir de noite, mas não posso acordar os vizinhos, é sarcasticamente ridículo e cruel ao mesmo tempo. Nesse sentido também acho que o meio faz os heróis e que os heróis, por outro lado, nascem herois, eu apenas nasci mais um ser humano entre mil~hões. Conheci vários Jims, Janis, Jimmis, Kurts, Ians nesta vida, e nenhum deles CONSEGUIU, não por não ter capacidade, por ser pior que esses que conseguiram fazer algo, mas simplesmente por estarem fora de tempo, no país errado, e no corpo errado, feio, não-atraente, não-carismático. Quereria ser eu como esses que conheci? Não. Eu sou apenas eu. Gostava apenas de poder ter upgrades à minha pessoa, às minhas capacidades, e continuar a fazer o que quer que seja que faço, mesmo que nada seja, porqwue tudo o resto não depende de mim e também pouco me interessa. Interessa-me apenas quando NÃO CONSIGO fazer o que quero, quando a MINHA INCAPACIDADE é superior aos meus desejos.
O homem queria voar e alguns homens inventaram o avião, mas não é a mesma coisa.
PS: a única coisa que faz sentido no momento presente, a única forma de ser verdadeiro é estar completamente drogado e fora do mundo, porque estar no mundo é fazer parte de um sistema que não interessa a ninguém, que nada produz de verdadeiro e que é autofágico. Anseio pelo colapso da civilização há tanto tempo profetizado: tenho a certeza de que nessa altura TODOS teremos ALGO para dizer.

Anónimo disse...

Uma palavra de apreço para aqueles que não conseguiram produzir o que quer que seja até aos 27 anos.

Uma menção honrosa para os que o fizeram muito mais tarde.

O reconhecimento daqueles que, nada produzindo ao longo da vida, se revelaram importantes pela simples interacção com os "produtores". Porque será que poucos lhes dão o devido reconhecimento?

Para os outros, um pouco de humildade e lucidez, para não serem dominados pela egocêntrica e por vezes arrogante necessidade, de mostrar ao mundo o respectivo umbigo.

E isto não é a cantiga dos coitadinhos!

aa disse...

hip-hip! HURRA! apoiado!

aa disse...

"um pouco de humildade e lucidez, para não serem dominados pela egocêntrica e por vezes arrogante necessidade, de mostrar ao mundo o respectivo umbigo"
Bem, vejo-me na obrigação de comentar isto porque me senti atacado, não por achar que o seja, mas simplesmente porque o texto que aqui deixei não foi o mais explícito e penso que a má-interpretação da Ideia que lhe dá forma é decorrente da correcta interpretação de um texto que não conseguiu exprimir o que eu queria dizer.
Em primeiro lugar penso que fazer coisas não implica ter que as mostrar, e já noutras alturas me penso ter justificado nesse ponto, pelo que vou tentar não me repetir. Em segundo lugar acho que é ingénuo pensar que a produção é um acto altruísta em completo, penso antes que é um acto egocêntrico formalizado num desejo de altruísmo (espero ter sido explícito nesta definição inventada agora...)
Quanto ao "Mostrar o umbigo", uma coisa é "mostrar o umbigo ao mundo", esta premissa pode ter múltiplas interpretaçõese e é decorrente de múltiplos estados de espírito, pelo que a minha posição se prende essencialmente com duas: a necessidade de GRITAR ao mundo em geral, a necessidade do grito de revolta, da revolução interna e da adolescência prolongada; a necessidade de encontrar NO GRUPO DOS PARES um reconhecimento reconfortante (todos queremos que os que gostamos gostem de nós, e os que gosto gostarem do que faço é interpretado insconscientemente como um "gostam de mim" ou "me valorizam", o que é uma necessidade elementar de quem nunca se sentiu amado no ambiente familiar.
Em suma: penso que nessa pequena frase sintetisaste uma ideia que para mim é nociva - o confundir a GENEROSIDADE (porque o que procuramos mostrar NÃO É O UMBIGO, MAS O ÍNTIMO, trata-se de uma PARTILHA) com a PROCURA DE FAMA.
Quando falo em heróis, não lhes quero ter a fama, mas apenas a sua CORAGEM e CONVICÇÃO. Os Heróis são inspiradores porque mostram que a perseverança, a luta por ideais utópicos(?) é a única que é digna de admiração e reconhecimento. Todos gostamos desse heróis e todos gostaríamos de ser assim e, primeiro que tudo, HEROIS PARA NÓS PRÓPRIOS. Ao falares de umbigo dessa forma falas de falsidade. Eu não sou falso. Egocêntrico? Sim. Todos somos e eu (NÓS) sou (SOMOS) apenas mais um.

aa disse...

A cena dos 27 anos é sem dúvida idiota... mas apenas deverá ser entendida enquanto um "não percas tempo e agarra o momento que não volta mais porque só vives uma vez. Se se pode viver sem nada fazer? Claro que sim, cada um faz o que bem lhe apetece, A VIDA É UM ACTO DE EGOCENTRISMO NESSE ASPECTO. Portanto somos egocentricos quando DECIDIMOS viver a NOSSA VIDA da maneira que entendemos. Os meu herois são gajos que fizeram coisas, é óbvio que são modelos, se quero ser assim? Não quero ser COMO ELES FORAM mas quero viver segundo a premissa que é comum aos MEUS heróis. É uma escolha. Preocupo-me com "fazer coisas"? Também é uma escolha, ou então uma necessidade, mas só me sinto vivo quando estou para o outro lado e fazer coisas (se são más não interessa, são minhas) proporciona essa transição. No post 27 procurei explicar essa necessidade. Interessa a alguém saber da MINHA necessidade? Sei lá, mas pensava que este blog pretendia funcionar como uma abertura a quem se identifique. Apenas procurei ser eu próprio, é algo que é bom para mim e que sem dúvida será bom para quem gostar, é assim com tudo, não penso que isso seja mostrar umbigo. Mostrar umbigo é impingir-mo-nos aos outros de uma forma intromissiva e falsa daquilo que somos. Por outro lado acho que estes temas são sempre muito duvidosos e complicados porque têm múltiplas interpretações. Estou seguro de mim. Não sou falso para comigo. De resto, está tudo bem.

aa disse...

PS: gostei do teu comentário e aprecio sempre esse teu lado "SUBVERSIVO-SARCÁSTICO", que é algo que acho bastante estimulante. Quanto à minha sensaçãod e "alvo" é algo decorrente do meu tipo particular de egocentrismo, independentemente disso, é sempre bom haver esses "espevitanços" porque sempre me ajudou a reflectir e rever ideias. "HIP-HIP!"
(Beijinhos no pipi)