Olha só quem ali está! Mas tu hoje queres ser invisível, certo? Como não te detectaram, nada melhor que aproveitares a oportunidade para vestires o teu fato da invisibilidade!
Estás a começar a sentir o sangue a palpitar nas carótidas, não estás? Deixaste de prestar atenção ao que estavas a fazer e a tua visão periférica aumentou exponencialmente, certo? Esta merda de jogo dá-te tesão, não? É parvo mas tu gostas!
Excitação controlada? É o momento ideal para começar a actuar! Rápida e descomprometidamente, observa “quem ali está” e tenta perceber a sua localização e a respectiva movimentação. Deves ser capaz de perceber o que faz “quem ali está”. O que detectas? Concentração? Dispersão? Rápido, tens de ser célere no teu diagnóstico! Ah, lembra-te sempre que podes dar nas vistas pelo simples acto de te esconderes. O anonimato exige que te mantenhas tal e qual como estavas até há pouco.
Chegou o momento! Subtilmente, sai da tua posição e dirige-te até ao ponto de fuga. Não olhas para lá, mas sabes que te estás a aproximar de “quem ali está”. Não há problema, desde que os níveis de concentração se mantenham elevados. Este é também o momento de maior exigência das tuas supra-renais! Mas isto dá-te tesão, não dá? Continua em frente, és agora um corpo invisível e estás prestes a atingir o teu objectivo.
Chegaste ao ponto de fuga, sem que tivesse soado o sinal de alarme. Atenção, que ainda não é altura para total descontracção! Estás em área neutra e os contratempos podem acontecer.
Já está! Por breves instantes primaste pela invisibilidade. Não era isso que querias? Óptimo, missão cumprida!
Mas… será que “quem ali está” não te detectou primeiro? Não creio, mas é sempre uma possibilidade.
2 comentários:
Voyeur em Fuga ataca de novo...
Mas também, deixa estar, que quando não foges o "outro alguém" acaba por fugir por ti. É tão difícil arranjar disponibilidade síncrona... quando me apetece um gelado, estamos no inverno, e, quando o calor aperta, só queria estar num quarto, gelado, enfiado nos cobertores.
Com as pessoas é a mesma coisa; afinal, apenas se trata do "factor sorte", para os honestos, ou então o "factor mentira" para os vigaristas alfa - encontrar alguém em sincronia ou então fingir que estamos na sincronia desse outro alguém.
Penso que entendo perfeitamente o que quiseste dizer com esse texto... ou então não percebi nada, da mesma forma que o confirmo às respostas que tenho tido em relação "ao que me esforço por explicar". Talvez o distanciamento que a palavra tem em respeito ao que quero dizer, que nem eu próprio sei bem o que é, até me esforçar por o exprimir, seja crucial, como se o universo não pudesse ser explicado, nem sequer entendido: "se alguém perguntar o que é o TAO e obtiver uma resposta, então nenhum dos dois sabe o que é o TAO".
E com a Arte é a mesmíssima coisa; nem vale a pena virem dizer que a Arte soluciona esta irresolúvel equação (idiota do Nietzsche). "Múltiplas interpretações", "re-interpretação", "a arte é-o enquanto mutação constante"... não é? Mas então e os egocêntricos, como ficam? E se a minha preocupação máxima seja a expressão num sentido de compreensão absoluta do Eu na constatação com o reflexo no outro? "Há isso não interessa porque tu não interessas", sim, é verdade, mas se, como O'Brien diz a Winston Smith (1984), «se eu acreditar que flutuo e se tu acreditares que flutuo, então eu flutuo e a gravidade não existe», então O MUNDO É O QUE EU VEJO. Querendo entender-me a mim apenas quero entender o MUNDO, e a necessidade de expressão vem apenas da necessidade de constatação de que o outro também o vê assim - E QUE HABITAMOS O MESMO MUNDO.
Assim, amar alguém é sofrer, porque esse alguém nunca estará em SINCRONIA ABSOLUTA com o EU, daí as discussões, daí o medo do "foi tão bom para ti quanto foi para mim?", pelo que o amar platonicamente surge como a única alternativa sã para a procura de uma alma gémea que, simplesmente, não existe - porque ninguém é insubstituível - e a expressão artística torna-se INÚTIL porque a realidade é que NINGUÉM TEM A CAPACIDADE DE A ENTENDER NOS MOLDES EM QUE FOI CRIADA.
PS: uma coisa é o que eu digo;
uma coisa é o que eu escrevo;
uma coisa é o que eu penso;
uma coisa é o que eu sinto;
OUTRAS COISAS SÃO AQUILO QUE EU SOU.
PS2: Se continuo é para mim, é porque não sei viver de outra forma, é porque isto é o que eu sou, mais que palavras decalcadas de pensamentos universais, eu sou a insatisfação e a incompreensão.
O texto é relativo a uma situação verídica, ocorrida na passada sexta-feira.
Quem está ali? Um dos colaboradores deste blog :)
É caso para cantar:
Lá vai uma, lá vão duas,
três pombinhas a cantar.
Uma é minha, outra é tua
Outra é de quem a apanhar!
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