24 de janeiro de 2008

princípio antrópico

«(...)a improvável expansão do universo; a improvável afinação da temperatura primordial; a improvável homogeneidade da matéria; a improvável vantagem ínfima da matéria em relação à antimatéria; a improvável afinação dos valores das forças; o improvável processo de formação do carbono; a improvável existência, no núcleo terrestre, dos metais que lhe conferem o campo magnético; a improvável órbita do planeta; a improvável aglomeração de moléculas complexas... ...a vida improvável? (...) Bastava que os valores fossem infinitesimalmente diferentes para não haver vida (...) o que pressupõe uma "afinação universal" para a criação de vida inteligente (...) (por outro lado) segundo o “Demónio de Laplace", como todos os acontecimentos têm uma causa/efeito, sendo o Universo actual o efeito do seu estado anterior e causa daquele que se lhe seguirá (...) então, quem conhecer o estado actual da matéria, todas as leis e posições específicas de todas as partículas, ao mais ínfimo pormenor, poderá calcular todo o passado e todo o futuro (...) Está tudo determinado (...) e a nossa existência não é acidental pelo facto de que tudo está determinado desde o início»
Adaptado de Brandon Carter; John Barrow; Frank Tipler; Paul Davis e JRS

Sim, foi no Princípio Antrópico de Brandon Carter (1973) que o José Rodrigues dos Santos baseou o seu romance (A Fórmula de Deus) em ordem a reconstituir a "prova científica da existência de Deus".
Sim, eu li a treta do livro.
É o que dá ter uma irmã "cientista", um pai engenheiro e uma mãe pseudo-religiosa com uma tendência sistémica (incutida pelo Sistema) em ler Best-sellers. Não querendo desculpar a minha "falha" aos olhos da "nata da intelectualidade", quero dizer desde já que fui enganado: "O livro é uma merda", ao que a minha mãezinha prontamente responde "mas não gostaste dessas teorias?" e ao que eu contra-respondi "mas o livro é uma porcaria, não acontece nada, as personagens são irritantes, unidimensionais, o ambiente é hermético e a acção inexistente!" (Se bem que, se não fosse este jornalista, seria bem mais complicado obter toda esta informação condensada... nesse aspecto até que fez um belo trabalho, mas... e então para quê a "história"?? Para quê tanta trapalhada, tanta "Treta que não serve para nada"? Sinceramente, senhor JRS, edite o seu livrinho de novo, mas desta vez sem historieta, está bem?, é que julguei mesmo que iria morrer de aborrecimento perante as desventuras do triste Tomászinho).
É verdade.
E eu que apenas queria um livrinho porreiro de aventuras, tipo Lord of the Rings, ou, porque não?, d'OS CINCO, para me distrair da lengalenga da dissertação, e sai-me este burgesso, a título impingido por todos os elementos familiares que entusiásticamente o haviam devorado... afinal de contas o que serei eu do que apenas mais um Winston Smith a lutar contra marés que o acabam sempre por devorar? Sou um deles...
...o que mais me irrita é chegar à conclusão que entendi melhor este "Livro" que o do Stephen Hawking... (e este é o único elogio que lhe faço)
Quanto ao facto de existir Deus ou não... sinceramente, cheguei à conclusão que não gosto que Deus exista.
Desculpa-Me lá.
Mas a ideia de haver "propósito" de haver "sentido" é algo que me enerva solenemente. Tudo aquilo que mais amo na vida são as coisas desprovidas de sentido aparente... irrita-me a ciência e odeio os cientistas. "Prova" disto, "prova" daquilo!.., parece que são parvos. A experiência sensorial do mundo é muito mais interessante; é muito mais interessante a fantasia e a irrealidade... o desconhecido, o misticismo, o escuro é mais interessante que a luz.
"A vida imita a arte", penso que foi Oscar Wilde que disse isto (aulinha do Orlandini), mas não esquecendo, as possibilidades da imaginação humana são muito maiores que as possibilidades que este Universo engloba.
Havendo uma "Origem divina do Universo" e sendo o ser Humano o fim último da "criação", então o objectivo do Universo é a Arte, porque essa é, sem dúvida nenhuma, fruto do momento em que criamos verdadeiramente algo e nos igualamos a Deus.
Ou... por outro lado, uma vez que o Universo não poderia ter sido de outra forma (devido às inúmeras circunstâncias improváveis que o possibilitam ser), então, cabe à imaginação a capacidade de criar tudo aquilo que Deus não conseguiu!

Somos maiores que Deus, somos seres que Vêem e um mundo aparece, somos entidades efémeras a dar sentido ao pouco tempo que nos resta.

É essa a causa do nosso poder: efemeridade e imaginação!

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