Vejam o filme completo aqui:
13 de dezembro de 2008
5 de novembro de 2008
PETRODOLAR ou a Queda do Dolar Americano
Recebi isto há pouco tempo no mail e vou partilhar, apesar de o indivíduo ter dito para não dizer a ninguém, "aiai a conspiração" e não sei o quê... mas já que estamos numa de holocausto nuclear, cá vai:
4 de novembro de 2008
7 de outubro de 2008
2 de outubro de 2008
1 de outubro de 2008
a resposta
Estamos no mais remoto asteróide em todo o Universo e, mesmo assim...
28 de setembro de 2008
vê-las rir, vê-las mentir
Take me out tonight.
Where there's music and there's people who are young and alive.
Driving in your car...
...I never never want to go home because I haven't got one anymore.
Take me out tonight.
Because I want to see people and I want to see lights!
(I want to see them laugh, I want to see them lie...)
Driving in your car...
...oh please don't drop me home!
...because it's not my home, it's their home, and I'm welcome no more.
And if a double-decker bus crashes into us...
...to die by your side - such a heavenly way to die!
And if a ten ton truck kills the both of us...
...to die by your side - the pleasure, the privilege is mine...
(The Smiths - there's a light that never goes out)
15 de setembro de 2008
este universo claustrofóbico...
...para um outro tempo em que largos cargueiros espaciais cruzam o oceano cósmico, estabelecendo rotas comerciais com entrepostos terrestres e asteróides onde colónias humanas extraem minério e outros recursos… nada de especial, ao fim e ao cabo, o que sempre fizeram, embora em escalas menores… Algures, num qualquer planeta desértico, uma equipa de filmagens roda o último western da era espacial... dizem que é o melhor alguma vez feito, porventura melhor que os clássicos da primeira era pós-fordiana, “The Death of the West”…
Apesar de todo o espalhafato, porém, de todos os planetas explorados pelo universo fora nenhum é habitado por criaturas estranhas, nada daquilo que a ficção profetizava, mas apenas mais humanos.
Ainda me recordo do Tempo em que, pela “rede inter-consciências”, foi transmitida a aterragem da primeira sonda num planeta semelhante à Terra. Era igual. ...terceiro a contar da Estrela única, cinco continentes, água em abundância, guerras, homens e mulheres e afins… um reflexo daquilo que já tínhamos.
O Universo está infestado de humanos e as realidades alternativas estão algures por aí, sem nenhuma porta, sem nenhum portal ou wormhole de atravessamento instantâneo, mas apenas a uns meros anos-luz de distância, sistemas iguaizinhos aos nossos, com humanos, em todas as direcções do universo conhecido e mais além, todos no mesmo grau civilizacional que nós, alguns mais atrasados, enfim, mas tudo igual... nuns lêem da esquerda para a direita, noutros da direita para a esquerda… há até uns em que andam de trás para a frente mas, como é lógico, estas possibilidades elementares são apenas exemplos medíocres das muito mais bizarras situações que por aí fora se fazem sentir!, contudo… é deprimente não haver realmente aquela diferença que se procurava nas primeiras eras da história conhecida. É frustrante que tudo seja tão semelhante, que nessa distância de anos-luz de viagens inter-estelares até aos limites do conhecido, apenas se encontre... «Casa».
Nesta era amorfa e entediante apenas me resta sentar-me na beira da varanda da nave e olhar para o limite. É já ali ao fundo, não fica assim tão longe...
Às vezes ainda lhe toco, talvez apenas para sentir uma qualquer substância que lhe esteja por detrás, mas nada, porque tudo acaba ali.
20 de julho de 2008
that's no way to say goodbye
(sound - L. Cohen / images - B. Viola "an ocean without a shore")
Ali, no meio de uma multidão de velhos francófonos dançando um som sobrecarregado de artifícios diversos, solos de guitarra descontextualizados como que atribuindo uma dimensão pink-floydiana a um contador de histórias de amor queimado por anos e anos de charutos e whiskey, alguns se deixaram levar por dois ou três momentos em que os músicos barrocos foram à casa-de-banho e o velho pôde, finalmente, fazer o que ainda sabia fazer tão bem… too-dumb-dumb-dumb-ta-too-dumb-dumb-dee como resposta para todos os enigmas da religião e da filosofia de noites e noites em que passou sem dormir.
E dessa distância profetizava a ausência de cura para o amor, enquanto os músicos e os espectadores dançavam uma outra coisa qualquer, como se fossem autistas ou… talvez apenas sãos, porque o velho era o velho, de gabardina azul, com a pistola na algibeira que alguns viam e choravam, especados de pé, sem qualquer nuance de movimento, enquanto as velhas se roçavam nos filhos que tinham para ali sido arrastados.
Não houve The Partisan, não houve The Famous Blue Raincoat… mas houve meia dúzia de momentos envoltos num recheio de Tony Carreira… coisa menor, porque toda a multidão era apenas chuva onde meia dúzia de vultos sobressaíam.
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8 de julho de 2008
4 de julho de 2008
23 de junho de 2008
-
Aí, na total escuridão do quarto, abriu o roupeiro grande e passou os dedos por texturas de tecidos dependurados... cada uma, na sua ora àspera ora macia singularidade, carregava memórias do fundo... e cheiros.
"Este foi contigo a passear, com este gostavas de me ver e com este te beijei", mas é uma particular que lhe chama a atenção e, enrolando-lhe as mangas em torno do pescoço, encostando o carapuço no ombro, desliza pelo soalho da divisão escura, avançando pelas trevas numa dança com um corpo que já lá não está.
...também o cheiro já lá não está.
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19 de junho de 2008
above and beyond architecture
Numa dessas manhãs inconsequentes acordei num telhado, sobre Lisboa, e aí chorei perante a magnitude da alvorada.
Que a instabilidade dessas acrobacias me sossegue o infatigável torpor da segurança térrea! E, lá do alto, estrelas cadentes rosa sobre o azul iluminado da manhã...
*
1 de junho de 2008
ceifeiros cósmicos
Mas quando as pernas fraquejaram, quando julguei não o conseguir mais, desceste, do alto daquilo que te fora oferecido, e caminhaste – “adeus”. Ali fiquei, vendo-te renascida, restabelecida como se acordada pela manhã, caminhando sem olhar para trás, uma parasita procurando um novo hospedeiro.
A noite desceu também sobre o deserto, iluminada pelos astros, envolvente na macieza gelada das areias de um branco azul, contrastando com o dia, durando dias, nestas coordenadas onde vicissitudes se envolvem num fuso horário estranho.
Um deles aproxima-se. Tenho um medo que cedo se dissipa, porque a criatura parece apontar numa direcção, como que me expulsando do festim nocturno e dizendo: “Por ali. O caminho faz-se caminhando, e estás aqui a mais; caso encontres alguém, ensina-a antes a caminhar.”
22 de maio de 2008
Inhiana Jónes e o cogumelo atómico
6 de maio de 2008
28 de abril de 2008
21 de abril de 2008
cancro artrópode
- “Luzes vermelhas, peles, carne viva, cabelos, brilho, tudo negro, tudo alienígena – eu não sou deste lugar. E ando, e olho, e vejo-me na expressão dos outros, aquele que não sou eu, aquele que me surpreende por entre os espelhos, apenas mais um, em completa mistura com as gentes, em corpo, e tão distante nas fontes, para tão fora projecta o hipotálamo, as supra-renais, para tão longe a sua mente se-lhe escapa... E tão perto das gentes.
Que gentes são estas periclitando na amálgama de carne(?) em exposição, crua, fria ao toque, que gentes são estas? Estas gentes que fingem dançar um som deveras horroroso, que, com esforço, procura aproximar-se do incomensuravelmente mais belo ruído dos doces dispositivos termonucleares em ignição, da beleza interior desse terno grito de uma criança trespassada pelas lagartas de um tanque no Iraque... mas sem sucesso. Um som deveras horroroso que eles fingem dançar. E abanam-se. E saltitam sem ritmo. Uma amálgama fora de ritmo, pavoneando-se, olhando por cima do ombro da presumível cara-metade na esperança de um encontro libidinoso de olhares com um estranho... tudo resumido a não mais do que sexo, mecânico, robótico, desfazado de sentido, desprovido de valor, arrítmico com o som horroroso das larvas a despertarem dos casulos instalados na genitália destas gentes...”
E foge. E perguntam-lhe porquê. E não sabe responder. E engana-se nas portas, e esbarra em seios, e leva encontrões musculados, e suores, e vómitos!... e a saída.
E avança, a hedionda criatura, pela noite, desafiada, com chuva, encharcada, doente, atravessa os caminhos onde, antigamente, floriam malmequeres azuis. E quão mal lhe queria a chuva que, com cada safanão, lhe roubava dos olhos a água que derramava no chão. “Que apareçam por entre as sombras que me atemorizam!, envia, criador, mais anjos para me matar!, não tenho medo, eu que avanço por entre as águas com que me encharcas e confundes o olhar! Atira-os contra mim, eu que não me pretendo matar!, lança toda a tua raiva para quem não esperavas voltar!” – o frio gélido espicaça-lhe as espinhas, o focinho desfaz-se-lhe por entre àguas verticais, e os pêlos já não o são... já não escuta, apenas o ímpeto, apenas o instinto da única atitude sensata de uma criatura louca no mundo da carne artrópode...
...assim decide morrer o monstro, como último Homem, por amor.
1 de abril de 2008
14 de março de 2008
5 de março de 2008
som da opressão
...e assim, com um cano encostado ao ventre, colocam em causa a tua própria existência, roubam-te a alienação e te retiram da agonia de mais um dia, apenas mais um dia.
Acordar para a vida.
3 de março de 2008
look what I can do!
Pede-se desculpa a todos os espectadores, mas a telenovela acaba aqui; os intervenientes são exímios nas suas acrobacias e a mamã gosta dos filhinhos todos.
Espera-se que não voltem a haver gracinhas nos tempos próximos e que este espaço possa voltar ao seu funcionamento habitual.
(cortesia da perspicácia - HM)
2 de março de 2008
1 de março de 2008
stop crying bitch
...e para todos os haters: "Sejam construtivos nas vossas intervenções. Para que andarem a mandar boquinhas uns aos outros? Será que dá alguma sensação de prazer? É isso? Bem, se assim for lamento, uma vez que se trata de uma clara necessidade de protagonismo. Assim não meus amigos!!!!.........Ehh!!!!!"
28 de fevereiro de 2008
Por motivos de ordem técnica, alguns elementos deste espaço foram descuidadamente retirados.
Assim, pede-se a opinião aos colaboradores e frequentadores do trialversion1.blogspot.com, quanto à possibilidade de manter o layout deste último tal como se encontra actualmente.
Se o anterior modelo de organização do blog for o desejado, tudo se fará para recuperar a informação dos elementos atrás referidos.
27 de fevereiro de 2008
Cancel my subscription to the resurrection
Não tardará a que se resuma a um repositório dos tempos mortos, apenas mais um entre os milhões de cadáveres de uma rede de informação estática, em autoconsumo, apenas mais um entre os milhares com que me deparo, como que por acaso, revelando no seu irónico sistema de contagem de tempo, um tempo em que realmente viveu, e um progressivo desgaste, até ao fim do seu tempo. Tudo acaba por morrer... mas não deixo de sentir uma certa surpresa, em forma de mágoa, perante algo que durou tão pouco e que, no meu ponto de vista, nunca o chegou a ser; ...caminhava para lá... quando todas as suas intencões se esgotaram, logo numa primeira abordagem, num primeiro “post”, como se tudo o que houvesse para dizer fosse “queremos um espaço que marque pela diferença”, quando essa diferença acabou aí mesmo, nesse quadro de intenções utópicas e um tanto ou quanto arrogantes. Não me espanta. Mas devo confessar que acreditei, por utopia, por desejo de infinito... por arrogância também.
Haverá sempre a óbvia desculpa do “não há tempo”, que “agora estou a trabalhar na tese”, ou “estou a trabalhar”, ou “tenho ginásio a essa hora”, ou “uma merda qualquer”. Sim, este blog transformou-se verdadeiramente numa merda qualquer.
No entanto, parece incrível como algo feito do trabalho conjunto de quatro pessoas não tenha, PELO MENOS, um post por dia... isso implicaria a cada um fazer uma média de UM POST POR SEMANA!, ...mas isso custa muito! - “deixa-me lá escrever uma merda qualquer..., ou então mando um vídeo do youtube e nem tenho de me chatear mais com o assunto...”
Talvez seja por isto não ter um sistema de “avaliação”. Discutia-se, há uns dias, a importância das "notas" na faculdade... acho que é esta – quando não há notas as pessoas começam a cagar, progressivamente, até ao dia em que se esquecem daquilo com que se tinham comprometido - “Isto não é importante”, “isto é um repositório de merda”. Porque não o fazemos (blog/vida) à imagem da nossa arrogância inicial? ...porque, na realidade, NÃO SOMOS CAPAZES!
Toda esta introdução serve apenas para dizer que, como todas as coisas insignificantes da vida, este mísero blog é apenas mais um pequeno simulacro da vida real. As pessoas não cumprem compromissos, preferem, parafraseando um sarcástico (que no meu ponto de vista deveria ser mais directo), “masturbar-se a foder”. Porque “foder” implica sujar mais do que apenas uma mão.
Gostaria também de acrescentar que EU PRÓPRIO me revejo em tudo o que acabei de dizer. E não gosto. Não gosto que a humanidade viva para o seu umbigo, e não gosto que a sociedade nos obrigue a fazê-lo em ordem a sobreviver. Quem for escuteiro, é completamente espezinhado, e sofre; quem for rufia, baterá em tudo e em todos, apenas com o objectivo que ninguém se aperceba da sua fraqueza, e sofre, mais tarde ou mais cedo, porque é fraco; e há os dissimulados.
Depois há os azedos. Penso que a melhor definição para nós os quatro é sermos uns azedos que de vez em quando, e porque percebem que se não o fizerem acabam por sofrer, agem com uma certa “dissimulação”.
Quanto a vocês não sei como se saem, mas eu confesso que não consigo encarnar personagens sedutoras. No teatro sempre gostei de fazer personagens que gritavam muito, que eram más, loucas ou doentias, talvez como forma de extravasão... sentia-me bem podendo fazer tudo aquilo que me retraio por fazer, numa personagem que realmente o pudesse fazer. Mas nunca conseguiria fazer uma personagem dócil, sedutora, que lê os olhos de alguém e consegue, por palavras, manipulá-la... o meu discurso até poderia começar assim, mas rapidamente se atabalhoaria num atropelamento do mundo. A comunicação assusta-me porque me faz querer perceber o mundo inteiro de uma única assentada, e não sou capaz. Mas a sociedade está montada, e isso é apenas um defeito insuportável.
O que se quer são dissimulados. O que se quer são ALFAS.
Sinto, acima de tudo, uma enorme desilusão perante a indisponibilidade do mundo para se resolver a si próprio. É tão fácil perceber a solução dos enigmas quando nos ancontramos sós, sem nenhum elemento de carácter aleatório que lhe condicione a expressão, que nos parece, nessas alturas, que bastaria um momento de pensamento uníssono para resolver todos os problemas do mundo. Mas isso não existe. O que existe é uma sociedade de informação exacerbada, é cada cabeça a pensar para o seu lado, fazendo aquilo que lhe faz mais sentido, mas em completo autismo perante a “sociedade exterior” a cada qual. Porque todos somos autistas numa “sociedade normal”.
Precisamos, todos, enquanto POVO PORTUGUÊS, de um BOTELHON na Praça do Comércio, como diria um amigo meu, precisamos de um momento de liberdade e de extravasão EM GRUPO, numa multidão FORA DA SOCIEDADE INSTITUÍDA. Precisamos de liberdade. Precisamos do 25 de Abril que nunca chegou a acontecer. Precisamos da revolução dos estados de consciência, pela música, pela dança, pela orgia.
Sinto-me numa prisão desde o dia em que nasci. Viajar fisicamente ilude-me, mas não chega, porque esses percursos apenas me mostram a repetição dos mesmos modelos, das mesmas atitudes, das mesmas pessoas... se eu morresse nenhum mal viria ao mundo, porque a minha singularidade pessoal existe num número insondável de clones que não me pertencem.
Resta-me apenas defecar para tudo, fazer justiça ao poço de fezes para onde vim à LUZ, defecando, fazendo aquilo para que fui criado, defecando mais um pouco, fazendo crescer infimamente o nível dos centímetros cúbicos de trampa desta gigantesca fossa. Quando o tiver feito, poderei dizer que não vivi em vão. Sou um defecador, tal como vocês, e nasci para isto, sozinho, isolado por completo numa poça de excrementos em putrefacção, chapinhando com os pés nessas lamas viscerais que, respingando para as pernas e envolvendo-se, colam-se nos pêlos, cabelos, dançando uno, cantando um solo, até ao dia em que cair e, lentamente, nesse processo mórbido de afundamento, ouvir a música do silêncio que é o sangue a percorrer as veias, o bater do coração, e o “flop-flop” de excrementos a entupir os ouvidos.
Por agora vou dormir na superfície do lodaçal.
23 de fevereiro de 2008
22 de fevereiro de 2008
18 de fevereiro de 2008
a noite chove
É tão belo. O céu, de um cor-de-rosa arrocheado, mas escuro, e ao mesmo tempo branco, contudo... como ironia de alguém que lhe retirou contraste - é vazio, e os prédios cheios, e amarelos pela luz dos candeeiros, saltam para a frente, invadem-me o campo de visão e esse manto vítreo lá atrás, vertendo-se por sobre a minha janela em vazio feito líquido.
Parou. Vou abri-la para o deixar entrar... gotículas quebram-se no parapeito, borbulhando até se desfazerem, contrariando Lavoisier elas desaparecem da mesma forma que surgiram, desse manto vazio que envolve a noite, fronteira espacial... haverá noite cósmica no fim dos tempos? Tão estranho é que duas coisas com o mesmo nome possam ser tão distintas, porque esta noite terrena é o dia do universo na terra e o dia terreno um manto de escuridão perante a grandeza universal! Quantos microcosmos em cada gota de chuva?... quanta matéria e dimensões por sondar em cada restício de realidade espaço-temporal!
É-me impossível contá-las a todas... começo por um canto, uma, duas... são muitas, são inúmeras, infinitas gotas de chuva no vidro da janela!, será que ainda lá estarão de manhã?, ou terão de voltar para de onde vieram, para esse ente imaterial que no ocorrer da manhã azul será?
Talvez seja a estrela solar que o torna azul; lembro-me de a olhar também – era branca e dançava dentro de um coroa amarelada, mas essa coroa não a via tão bem – fugidia, traquinas – a bola branca dançava no interior e ia mudando de cor, ora azulada, de um azul “neónico”, ora cor-de-rosa fluorescente! “Não olhes para lá que te queima os olhos”... e assim ficava eu, outra vez no meio da relvinha, apanhando pinhões, esmagando-os com pedras da calçada, comendo-os, oferecendo-os, trocando-os por olhadelas em pipis, cromos e mais pinhões. E eu que nem gostava de pinhões, logo ali era introduzido no sistema capital... tão cedo as crianças querem cegar, qual Fausto, não por graça do demónio, mas por livre vontade, querem cegar para poderem ver!
17 de fevereiro de 2008
Blackout
World in dark (Blackout). In the 29th February of 2008 from 7:55pm to 8:00pm Lisbon, Greenwich - Hour, is proposed to turn of all lights and if possible all electric equipments, to our planet 'breath'.
If we make an massive answer to this request, the power saves can be brutal!!!
Only five minutes, to see what happens.
Yes, we'll be 5 minuts in the dark, we can turn light a candle and simply just stay watching it. It's five minutes that our planet and us will be breathing.
Remember, the union makes the force and the Internet can have a lot of power and using it like now we can make something BIG and GREAT to the environment and mankind.
Pass the new, and if you have friends all over the world send them this mail and ask them to make the translation to their language and adapt the hour of your and they're country to the Lisbon Greenwich time.
Thank You and once in life let's make someting great for our planet!»
13 de fevereiro de 2008
12 de fevereiro de 2008
9 de fevereiro de 2008
7 de fevereiro de 2008
aranhinhas
Consciência súbita me ressalta do estômago dilacerado! – levanta-te, salta da cama, abre a janela, baixa os estores! Corre de um lado para o outro!... que horas são, que horas são? Que luz é esta que há tanto tempo não via? Azul arrocheado do amanhecer que tantas vezes me fez preâmbulo de uma noite de sono... há tanto tempo que não sonhava... e com que facilidade aquilo que alguns chamam de pesadelo se transforma no mais doce dos sonhos... quando se dorme, na tranquilidade e segurança que os cobertores conferem à atmosfera gelada, todos os sonhos são áureos, leves como o ar, porque nada se sente, nada de substâncias químicas que os tornem reais, que lhes façam sentir dor... ...e vale a pena a dor do sofrimento constante se, ao chegar o momento glorioso do dormir, se viaje para tais paisagens...? - a mim mais um magnífico dia de maravilhoso sofrer!
4 de fevereiro de 2008
desejo de infinito
É tarde mas aqui estou; para além do cansaço, arrastando-me pelas divisões, contraindo-me no cácere do habitar, nesse covil a que chamo lar; talvez... com a única pretensão de me expandir mais um pouco, antes da anestesia, desse quase-morte que o leito domina.
Como é maravilhosa a realidade já sem luz, limbo negro entre dias de eterno presente! Sinto como se apenas o fosse aí, num fora-de-tempo para onde, deliberadamente, me deixo levar, sacrificando-me a essa agonia do já não saber quem sou. Como me aterrorizo perante o desconhecido que a mim me apresento..., tantas possibilidades, tanta necessidade de acção abusiva, tanta inércia que tudo aglutina... como me “alimento da desgraça alheia”, como são belos os cadáveres espalhados pelas ruas de Bagdad!, ...e como seria belo trucidar o ser obsceno rodeado de números, e de cores, e de sons polifónicos!, como seria sublime o seu guinchar!
Mas o magnetismo televisivo consome-me... e eu, contínuo a vê-la, e a odiá-la, e até não me conhecer - apenas esse instinto assassino, essa adrenalina da distância segura e o desejo "id’ónico" de querer interferir nos acontecimentos com um fútil toque no botão. Desligo-a.
...este silêncio ensurdecedor é mais terrífico que qualquer imagem que tenha visto. Sou medo, sou pânico, agora já sei quem sou.
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3 de fevereiro de 2008
um nome
...en...steiners...(pausa)
...steisen...(reflexão)
(reinicio)...sbraisers...seiners...(pausa)
...sainen...(reflexão)
(insistência)...senaimers...eisteisen...eins...
...(dúvida)
1 de fevereiro de 2008
30 de janeiro de 2008
"Das Marchen"...mata velhos de ataque cardiaco!!!
saíram todos (quando digo todos foram mesmo todos, ficamos para aí uns 40) passado o primeiro acto, o que até nem foi desagradável diga-se de passagem, a junção de perfumes manhosos com chanel nº5 dava dores de cabeça e impedia a percepção musical, bem sei que já lá iam duas horas. Contudo FIQUEI DEPRIMIDA pela falta de abertura da classe pseudo cultural portuguesa..... a primeira, PRIMEIRISSIMA, ópera do Sr. Emanuel Nunes, fantástico compositor português e a única coisa que diziam é que a musica era insuportável, (insuportável? mas julgavam que iam ouvir o q? Wagner, Puccini, os clássicos??? amigos Musica lírica contemporânea, diz-vos alguma coisa???? pelos vistos não, pena.) sem o mínimo esforço, a mínima atenção, o mínimo nada...
Na minha humilde e leiga opinião só tenho a dizer uma coisa (ao bom género da infantil!): INSUPORTÁVEIS SÃO VOCÊS SEUS PSEUDOS DE MERDA, QUE SÓ VÃO A ÓPERA PARA SEREM VISTOS, DEVIAM APEGAR-SE A ESSES CLIHS QUE TANTO GOSTAM E NUM ACTO BENEMÉRITO DAREM OS BILHETES A QUEM OS REALMENTE QUER....
29 de janeiro de 2008
Blade Runner
Tanto medo dos cyborgs!
28 de janeiro de 2008
abraço impossível
Estranha é... a fusão num só corpo,
morto...
Como se abraçam,
como se encontram - distantes,
para além do contacto;
visitantes de outro mundo caem, unos.
Como apodrecem as lágrimas,
e os calores, mudos,
e a atracção nocturna para além do infinito...
Mas ali, na fatalidade do momento,
para além do vento que compreendia tudo,
o abraço é impossível:
“Quem sois que lhe tomastes a alma?
Que carne me acalma as peles,
que corpo vestes para a afastares de mim?”
Aperto, desespero...
Liberta-os do toque!,
para o fundo,
para esse mundo interior em que habitam!
Medo.
Tristeza.
...
Para onde a beleza do encontro nocturno?
Para onde a imagem da saudade recente?
...para sempre sós num abraço impossível.
26 de janeiro de 2008
é uma merda qualquer
vicente - ontem o meu pai meteu a pila no pipi da minha mãe...3 vezes...
josé - a sério?
vicente - sim...lá pra junho deve nascer a tal coisa
memórias
catapultas do tempo
2x3=6
2x4=8
ó gordo
ó caixa de óculos
ó senhora professora!! o joão apalpou-me!!
3x4=12
gosto tanto dos meus avós, onde está o pai?
- vou la para baixo brincar com o zé
- ás 5 vens pra casa!!
olha a avó já não está cá...foi se embora
- mãe hoje chumbei a português
- haaa...bom, mas a estudo do meio passas-te?
- sim!! essa já está feita, assim já posso passar para a 2º classe
o que é estudo do meio?...tudo é estudo do meio?
- isto é pintura, aquilo é português, a outra é matemática e isto não é arquitectura!!!
- então o que é?
- é estudo do meio!!!
viva os dias de festa!...viva a câmara de filmar do outro!...workshupaaassss!!! (um dia destes...)
ela ia no comboio, apelou com o olhar...fica pra próxima, ainda não foi desta...
fodas pisei merda, caguei merda, vi merda, cheirei merda, merda em todo o lado
cães com merda, cães de merda, cães de louça a fuder na merda
coil - fire of the mind.mp3
que estupidez...isto não pode continuar assim
FODAS TIVE A TRABALHAR, JÁ TE DISSE!!
as ideias andam de um lado para o outro
as memórias vão atrás
a imaginação anda enrolada com as duas
orgias mentais
o que é isto?...é analfabetismo? é aristocracia? é gás metano? é de onde?
6x4=vinte e....quatro??
6x5=30
- quero essa carne toda comida, não deitas nada fora!
- tá calada ó puta do caralho!!!
...2 dias em coma, é melhor não dizer isso
a professora tem pêlos debaixo dos braços
o professor têm pelos dentro dos olhos
- sabes aquela em que o hitler vê uma criancinha a brincar com cinzas e pergunta, o que estás a fazer? estou a brincar com os meus pais, responde ela.
- ahahah...e aquela do...
em tempos o mundo era pequeno. mas foi crescendo aos poucos, parou? qual é o limite do mundo?
aquilo são planetas, aquilo sao estrelas, aquela é a amália e isto não é arquitectura!!!
tudo é espaço logo tudo é vezes 3
- a tua tese é sobre o quê?
- é sobre tudo mas não fala de nada em concreto
- ahhh então é estudo do meio!!
- ou é de uma merda qualquer...
25 de janeiro de 2008
instrument
«Listen to the tales and romanticize,
How we'd follow the path of the hero.
Boast about the day when the rivers overrun.
How we rise to the height of our halo.
Listen to the tales as we all rationalize
Our way into the arms of the savior,
Feigning all the trials and the tribulations;
None of us have actually been there.
Not like you.
Ignorant siblings in the congregation
Gather around spewing sympathy,
Spare me.
None of them can even hold a candle up to you.
Blinded by choice, these hypocrites won't see.
But, enough about the collective Judas.
Who could deny you were the one who
Illuminated your little piece of the divine?
And this little light of mine, a gift you passed on to me;
I'm gonna let it shine to guide you safely on your way,
Your way home ...
Oh, what are they going to do when the lights go down
Without you to guide them all to Zion?
What are they going to do when the rivers overrun
Other than tremble incessantly?
High is the way, but all eyes are upon the ground.
You were the light and the way they'll only read about.
I only pray, Heaven knows when to lift you out.
Ten thousand days in the fire is long enough;
You're going home.
You're the only one who can hold your head up high,
Shake your fists at the gates saying:
"I've come home now!
Fetch me the spirit, the son, and the father.
Tell them their pillar of faith has ascended.
It's time now!
My time now!
Give me my, give me my wings!"
You are the light and way that they will only read about.
Set as I am in my ways and my arrogance,
(With the) burden of proof tossed upon the believers.
You were my witness, my eyes, my evidence,
Judith Marie, unconditional one.
Daylight dims leaving cold fluorescents.
Difficult to see you in this light.
Please forgive this bold suggestion, but
Should you see your Maker's face tonight,
Look Him in the eye, look Him in the eye, and tell Him:
"I never lived a lie, never took a life, but surely saved one.
Hallelujah, it's time for you to bring me home."»
24 de janeiro de 2008
princípio antrópico
Sim, foi no Princípio Antrópico de Brandon Carter (1973) que o José Rodrigues dos Santos baseou o seu romance (A Fórmula de Deus) em ordem a reconstituir a "prova científica da existência de Deus".
Sim, eu li a treta do livro.
É verdade.
E eu que apenas queria um livrinho porreiro de aventuras, tipo Lord of the Rings, ou, porque não?, d'OS CINCO, para me distrair da lengalenga da dissertação, e sai-me este burgesso, a título impingido por todos os elementos familiares que entusiásticamente o haviam devorado... afinal de contas o que serei eu do que apenas mais um Winston Smith a lutar contra marés que o acabam sempre por devorar? Sou um deles...
...o que mais me irrita é chegar à conclusão que entendi melhor este "Livro" que o do Stephen Hawking... (e este é o único elogio que lhe faço)
Quanto ao facto de existir Deus ou não... sinceramente, cheguei à conclusão que não gosto que Deus exista.
Desculpa-Me lá.
Mas a ideia de haver "propósito" de haver "sentido" é algo que me enerva solenemente. Tudo aquilo que mais amo na vida são as coisas desprovidas de sentido aparente... irrita-me a ciência e odeio os cientistas. "Prova" disto, "prova" daquilo!.., parece que são parvos. A experiência sensorial do mundo é muito mais interessante; é muito mais interessante a fantasia e a irrealidade... o desconhecido, o misticismo, o escuro é mais interessante que a luz.
"A vida imita a arte", penso que foi Oscar Wilde que disse isto (aulinha do Orlandini), mas não esquecendo, as possibilidades da imaginação humana são muito maiores que as possibilidades que este Universo engloba.
Havendo uma "Origem divina do Universo" e sendo o ser Humano o fim último da "criação", então o objectivo do Universo é a Arte, porque essa é, sem dúvida nenhuma, fruto do momento em que criamos verdadeiramente algo e nos igualamos a Deus.
Ou... por outro lado, uma vez que o Universo não poderia ter sido de outra forma (devido às inúmeras circunstâncias improváveis que o possibilitam ser), então, cabe à imaginação a capacidade de criar tudo aquilo que Deus não conseguiu!
Somos maiores que Deus, somos seres que Vêem e um mundo aparece, somos entidades efémeras a dar sentido ao pouco tempo que nos resta.
É essa a causa do nosso poder: efemeridade e imaginação!
23 de janeiro de 2008
Portugal 1989 / artistas que saem da apatia ou não.
qual geração desocupada, somos é uma geração traumatizada....
21 de janeiro de 2008
cinco anos
Cinco anos não são nada.
Mas cinco anos é tudo o que basta,
é tudo o que resta da estrada.
E cinco anos, e a mesma história,
na mesma linha onde já não estás,
no mesmo lugar onde te inventei,
no mesmo banco em que jaz
a memória de onde fiquei...
e te abandonei.
...lá atrás. Nessa lonjura que resta
para não saberes quem sou.
E eu que também não sei quem sou
em cinco anos que passaram por mim.
Mas cinco anos te levaram
e tudo aquilo em que me vias?
Cinco anos não são dias,
cinco anos não são fim!
E se há cinco anos eu fora
o que cinco anos me criou,
cinco anos não bastaria
para te ver mais um dia...
...cinco anos ficaria, aqui,
e tu em mim,
cinco anos os dois,
cinco anos assim...
19 de janeiro de 2008
Olha só quem ali está! Mas tu hoje queres ser invisível, certo? Como não te detectaram, nada melhor que aproveitares a oportunidade para vestires o teu fato da invisibilidade!
Estás a começar a sentir o sangue a palpitar nas carótidas, não estás? Deixaste de prestar atenção ao que estavas a fazer e a tua visão periférica aumentou exponencialmente, certo? Esta merda de jogo dá-te tesão, não? É parvo mas tu gostas!
Excitação controlada? É o momento ideal para começar a actuar! Rápida e descomprometidamente, observa “quem ali está” e tenta perceber a sua localização e a respectiva movimentação. Deves ser capaz de perceber o que faz “quem ali está”. O que detectas? Concentração? Dispersão? Rápido, tens de ser célere no teu diagnóstico! Ah, lembra-te sempre que podes dar nas vistas pelo simples acto de te esconderes. O anonimato exige que te mantenhas tal e qual como estavas até há pouco.
Chegou o momento! Subtilmente, sai da tua posição e dirige-te até ao ponto de fuga. Não olhas para lá, mas sabes que te estás a aproximar de “quem ali está”. Não há problema, desde que os níveis de concentração se mantenham elevados. Este é também o momento de maior exigência das tuas supra-renais! Mas isto dá-te tesão, não dá? Continua em frente, és agora um corpo invisível e estás prestes a atingir o teu objectivo.
Chegaste ao ponto de fuga, sem que tivesse soado o sinal de alarme. Atenção, que ainda não é altura para total descontracção! Estás em área neutra e os contratempos podem acontecer.
Já está! Por breves instantes primaste pela invisibilidade. Não era isso que querias? Óptimo, missão cumprida!
Mas… será que “quem ali está” não te detectou primeiro? Não creio, mas é sempre uma possibilidade.
18 de janeiro de 2008
17 de janeiro de 2008
16 de janeiro de 2008
ente-ante
«impressionante, o peido que eu dou em cada instante»
14 de janeiro de 2008
(a)normal fantasiar
Alguém sabe o que é o "amor platónico"?
...apesar de todas as definições "científicas", não me parece que haja mal em fantasiar o mundo, penso antes que o mal está, precisamente, em o mundo não estar minimamente preparado para as nossas fantasias, e quando falo de mundo, falo nas pessoas. Porque o que é o mundo senão uma gigantesca fantasia?
Existem, ainda, alguns resistentes, como o indivíduo do movimento “Free-Hugs”, que distribui um pouco de carinho por desconhecidos e é visto, por praticamente todas as pessoas, como um autêntico anormal. E ele é realmente um anormal, porque o que é normal é nunca olhar as pessoas, é ignorá-las, ou então recorrer à segurança da frieza e da brutidade, é viver a paredes meias com vizinhos que, ao nos verem de manhã, nos cumprimentam com um belíssimo “desviar da cabeça”, um carinhoso grunhido e um simpático bater da porta da rua. Como é bela a normalidade!
Eu também sou normal.
Mas... contudo, de tempos a tempos, percebo que não sou feliz assim. De vez em quando apercebo-me de que sou “um normal” com um profundo desejo de anormalidade a querer saltar cá para fora, sentindo-me impelido, tal como alguém com trissomia 21, a desejar abraçar todas as pessoas e a apaixonar-me por completos desconhecidos. O meu lado “normal” conhece perfeitamente os meandros da amizade e do amor físico e mental, mas o meu lado anormal há muito que compreendeu que isso pode ser extrapolado para todo o mundo, para tal basta haver disponibilidade, abertura de espírito, entrega, altruísmo e uma completa temeridade perante algo que nos poderá magoar de forma irreversível. Um sentido apurado de detecção de feromonas e um profundo desejo interno daquilo que a dopamina provoca no cérebro...
Terei construído um raciocínio científico nas últimas linhas? Talvez... mas cuidado, porque existe uma tendência incutida pelo Sistema em confundir ciência com cepticismo... por isso, caros “cientistas cépticos”, vocês que há muito tempo se deixaram de deslumbrar pelo mundo, vocês que estão formatados pelo nosso fantástico sistema (de “ensino”), vocês que acreditam vir a concretizar-se pela subida na “carreira” e pelo aumento do ordenado, vocês que assassinam o mundo natural com os vossos químicos e o metafísico pela falta de fé, lembrem-se que a ciência nunca bastará para compreender a estrutura do universo (que, para além de matemática, é também semãntica) e, acima de tudo, não se deixem levar pela “normalidade”, porque o ser humano é tudo menos normal.
Um brinde aos anormais, aos artistas, aos músicos, aos poetas e, porque não..., aos Arquitectos “inconscientes”?
Vivemos toda a vida com medo de agir, arrastando processos simples em coisas que se tornam dolorosas, por vezes temos a confirmação de que "ninguém sabe o que dizer”. Ninguém se sente seguro perante o desconhecido, mas há sempre alguns que partem, em viagem, vão, em deslocamento físico através do espaço, ou mesmo parados, a sua mente dispara e, mesmo com medo profundo, eles vão...
Depois, há os que ficam.
...Talvez seja essa a única cura para a efemeridade, tentar encontrar um qualquer (as)significado(?) e agir, abusivamente. Onde estão os cientistas não-cépticos?
"Enganei-me; amanhã é outro dia."
*
«Ninguém é insubstituível, até quem nos abraça.»
13 de janeiro de 2008
estavas enganada, mãe
“Adeus. Vou partir” – e vomito-o pela consideração que não tenho em decidir nunca mais te ver, porque é de ti que vou fugir...e de todos os outros.
Pessoas.
Um eremita; partir para onde a minha língua seja estrangeira, porque sempre fui estrangeiro numa terra onde a língua era apenas um obstáculo de semânticas falaciosas... não vos compreendo e não quero... ninguém quer.
“Amo-te”; “gosto de ti”; “preocupo-me contigo”; “quero (...)”: sempre eu, sempre tu, sempre palavras falsas, momentos sentidos, vidas absurdas, projectos constantemente adiados. “Ama-me agora porque amanhã vou partir” – sempre o momento esporádico, sempre o presente solitário. As pessoas passam, e nós permanecemos aqui. Quem é importante agora, amanhã será outro, e o presente continua, ensurdecedor, silenciosamente repetitivo, desesperadamente só.
Um pequeno gesto, uma palavra não medida, um acidente... tudo o que basta é uma pequena discrepância no movimento caótico de partículas, e tudo muda: poderemos perder tudo aquilo que dávamos por adquirido, um mundo que cai por terra, deixando-nos sem nada.
Como é frágil a felicidade, como são finos e singulares os momentos de alegria, como é avassalador o sentimento daquilo que se dá por adquirido, a derrocada do mundo interior, a evidência da vida ser uma instância assustadoramente passageira e... extremamente curta.
Uma criança de quatro anos prepara-se para se deitar enquanto se depara com a sua futura imagem de noventa anos, no leito de morte, exactamente o mesmo leito em que se prepara para dormir, aquele mesmo lugar.
Como lhe é clara a noção de que os restantes oitenta-e-seis anos de vida passarão a correr!...e chora, porque não quer morrer. A mãe passa-lhe a mão pela cabeça, dizendo-lhe que “ainda falta muito tempo, tu ainda só tens quatro aninhos...”.
Oitenta-e-seis anos mais tarde ele está sozinho, todos os que amou partiram – “estavas enganada, mãe”.